Mulheres na Clandestinidade escolhem Alpiarça para sair da sombra

A Biblioteca Municipal de Alpiarça foi o cenário escolhido por Vanessa de Almeida para apresentar o seu livro “Mulheres da Clandestinidade”, da editora Parsifal, que traz à luz do dia os testemunhos das mulheres que viveram na clandestinidade durante o regime ditatorial do Estado Novo.

Este evento decorreu no domingo passado, dia 11 de Março, pelas 15h30 e contou com a presença do presidente da Câmara de Alpiarça, Mário Pereira, a presidente da Junta de Freguesia que apoiou a concretização desta apresentação, Fernanda Cardigo e uma ex-clandestina, Faustina Barradas.

Mário Pereira considera justo o reconhecimento do papel das mulheres na luta pela liberdade e igualdade num tempo dificil do ponto de vista político e de mentalidades e referiu que esta apresentação justifica-se em Alpiarça uma vez que esta região tem uma longa história na luta pela liberdade. Vanessa de Almeida, a autora, licenciada em História e mestre em Antropologia, escreveu este livro tendo como ponto de partida a sua tese de mestrado e porque considera que a História “esqueceu os testemunhos das mulheres quando regista a memória da clandestinidade”.

Para esta investigadora em Direitos Humanos e Movimentos Sociais “há que reconhecer que falhamos neste ponto para que não se verifique o eterno retorno do fascismo” que, no seu entender, deve ser motivo de preocupação nos tempos que correm. Faustina Barradas relatou na primeira pessoa memórias desses tempos de um quotidiano passado na obscuridade em que, como referiu, “deixávamos de ser “nós”, para sermos um outro nós, inserido numa outra comunidade.” Relatos de vidas, quotidianos, atividades, estratégias, sentimentos, separação, morte- estes os temas que marcaram vidas e que agora, como disse Vanessa de Almeida, “merecem o seu lugar na História “!