Na última Assembleia Municipal realizada em 29 de Dezembro de 2021, fomos informados de que a ASA – Área de Serviço de Autocaravanas de Alpiarça, ficará localizada entre o Lago dos Patudos e o Parque de Campismo.
Será uma das 39 estações de serviço de apoio ao autocaravanismo, objecto de um investimento de cinco milhões de euros, promovido pela Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, em parceria com 27 municípios das duas regiões (dados recolhidos da comunicação social).
O investimento é da ERT do Alentejo e Ribatejo, mas certamente que a eleição do local para a ASA é da competência da Câmara Municipal. Foi nesta perspectiva que, na mesma Assembleia, expressei a nossa discordância sobre a localização.
Uma Área de Serviço de Autocaravanas deverá ser, para além de um importante equipamento de apoio a estes veículos, também um factor de desenvolvimento para a terra. É assim que é olhada pela generalidade dos Municípios, ao implementá-las, tanto quanto possível, no miolo ou próximo das actividades económicas de que estes turistas itinerantes possam depender.
Os autocaravanistas necessitam de um local para despejar as águas negras e cinzentas, abastecerem água potável, prepararem refeições, abastecerem de géneros, gás, etc. Poderão ainda permanecer durante a noite já que a Lei não lhes permite pernoitar nos parques de estacionamento normais.
“E compra muito no território” como disse a senhora ministra Ana Godinho, na cerimónia de lançamento deste investimento da ERT do Alentejo e Ribatejo. De facto, um autocaravanista, depois de cumpridos os despejos, estaciona, nivela, abre o toldo, monta a mesa e as cadeiras, monta o grelhador e então perguntará: “onde estão as lojas para fazer as compras?”.
Nenhum autocaravanista vai fazer esta pergunta em Alpiarça, pela simples razão de que, nas suas redes sociais, já divulgaram a particularidade de nos 3 quilómetros (seis ida+volta) em redor da ASA de Alpiarça, não haver sítio algum para comprarem géneros para confeccionarem as suas refeições e/ou abastecerem as suas dispensas.
Quanto a restaurantes para se deslocarem depois de estacionarem a autocaravana, também já estão também avisados: “Andem mais uns 4 ou 5 quilómetros se vêm de Norte ou parem uns 4 ou 5 quilómetros antes de Alpiarça se vêm de Sul, porque aí têm uma ASA e, à sua volta, tudo de que precisam para se abastecerem e para comerem”. Bastará visitar as redes sociais dos autocaravanistas para encontrar entreajudas deste tipo em relação a alguns lugares, assim como a divulgação dos bons produtos características das terras por onde pararam, compraram e degustaram.
Foi a pensar em tudo isto que, desde há mais de 8 anos, andamos (TPA, MUDA e novamente TPA) a propor um Parque de Autocaravanas nos núcleos urbanos de Alpiarça. Seja na vila, na zona do Mercado/Vala Real, seja no Casalinho, desenvolvendo o comércio local e tornando a permanência atrativa com recurso aos potenciais mananciais lúdico-turísticos que vêm sendo olimpicamente desprezados. Claro que também tivemos presente a projectada saída do lanço do IC3 que algum dia será feito. Enfim, projectos integrados para mais de 4 anos, que, a serem importantes para Alpiarça (o que não pretendo demonstrar aqui), são eleitoralmente um erro. Sempre soubemos disso.
Qualquer dia irá nascer e será inaugurado com muita pompa, que a legitimidade dos resultados eleitorais justifica, mais um elefante branco ali para os lados do Lago (seco?) dos Patudos.
Alpiarça, terra de oportunidades perdidas, que teima em não passar da cepa torta!
Armindo Batata
Deputado Municipal – TPA (PSD-MPT)
(25/01/2022)