A não conclusão do IC3 tem implicações no desenvolvimento de Alpiarça, assim como no trânsito na rua José Relvas, como tem sido amplamente demonstrado em competentes publicações.
O intenso e crescente trânsito de veículos pesados naquela rua, impede a completa fruição daquele espaço urbano, tem motivado o abandono e degradação de inúmeras casas e inferniza o merecido descanso dos que ainda vivem paredes meias com aquela artéria. De facto, o barulho, as vibrações, as paragens/travagens e arranques dos veículos pesados, assim como a elevada velocidade com que, muitas das vezes, circulam, são condições ambientais que bradam aos céus. Os resultados da medição do ruído e das vibrações com que vivem e com que tentam dormir os nossos concidadãos que ainda não abandonaram a rua José Relvas, certamente que deixariam boquiabertos, quem pela Europa lida com estes temas.
Acresce que quase todos os resíduos perigosos transportados de Sul do país para o Eco-Parque do Relvão, transitam pela rua José Relvas. Em caso de acidente rodoviário, ou do colapso das estruturas dos veículos, o perigo de uma catástrofe para o ambiente, para a saúde e para a vida das populações, não pode ser descurado. O Eco-Parque do Relvão não é um simples aterro
sanitário. É também onde se processa o tratamento de resíduos industriais perigosos, que antes de serem tratados passam pelo centro urbano de Alpiarça.
O IC 3 resolveria este problema mas, mesmo que fosse concluído, o que parece não vir a acontecer, sê-lo-ia com perfil de autoestrada, como já está nos troços em serviço. Então, as mais do que prováveis portagens, implicariam que o trânsito de veículos pesados pouco melhorasse em relação ao que transita pela rua José Relvas; assim tem sido pelo país fora.
Compete-nos a nós, Município de Alpiarça, fazermos valer os nossos direitos a uma vida de qualidade, à valorização do nosso
centro urbano e à implementação de uma estratégia de captação de novos residentes, pelo que é urgente encontrar soluções,
para além dos fraseados mais ou menos eloquentes das campanhas eleitorais.
Todos sabemos que a capacidade financeira da Câmara pouco vai além dos recursos necessários para manter o seu próprio funcionamento. Mas temos que encontrar soluções.
Temos que propor às Entidades responsáveis pelas estruturas rodoviárias e pelo ambiente, soluções que sejam a prova da nosso empenho em preservar a nossa segurança, a nossa saúde e o nosso desejo em encontrar alternativas a esta tendência de retrocesso em que Alpiarça se encontra.
Provar, se formos capazes, que sabemos do que precisamos, sabemos como o fazer, mas que não temos recursos para o fazer.
O que se segue é uma achega, um ponto de partida para uma discussão e uma avaliação. Uma discussão que também deve ter lugar na nossa comunidade e uma avaliação que deverá ser desenvolvida pela Câmara Municipal, se assim o entender.
As Estradas Municipais (EM) 368 e 368-1 seriam então uma alternativa à rua José Relvas, ficando a faltar a ligação da EN 118 àquelas estradas municipais.
Para o efeito, e numa primeira abordagem, duas hipóteses de solução nos surgem (v. fotos):
a) Ligar a rotunda dos Patudos com a zona do Carril/Estação Elevatória, prosseguindo o tráfego pela EM 368 e EM 368-1;
b) Ligar a EN 118, na zona da recta da Goucha, com a EM 368 na zona do Porto da Gouxa (?), o que implicaria a construção de um atravessamento da Vala, prosseguindo o tráfego pela EM 368 e EM 368-1.
O envolvimento da Câmara Municipal da Chamusca seria necessário, já que o tráfego prosseguiria, naquele concelho, pela EM 16 de Setembro.
Haverá mais e melhores soluções? Com certeza que há.
Quanto a nós, a circulação de cargas perigosas pela rua José Relvas não pode ser olhada como uma fatalidade, culpa do Governo, seja ele qual for. Se nada propusermos e nada fizermos, a culpa também é dos governantes e eleitos locais.
Armindo Batata
Deputado Municipal – TPA (PSD-MPT)
20/03/2022