Escritor Alpiarcense vence Grande Prémio de Poesia APE

João Moita venceu, com a unanimidade do júri, o Grande Prémio de Poesia Maria Amália Vaz de Carvalho APE/CM de Loures com a obra “que túmulo em que talhão”, editado pela Guerra & Paz em 2022.

O júri, constituído por Isabel Cristina Mateus, Luís Filipe Castro Mendes e Maria Etelvina Santos, justificou a sua decisão argumentando “o modo coeso e inovador como, ao enveredar por uma temática ancestral – vida/morte, campo/cidade –, o autor cria um léxico novo e uma linguagem própria que lhe permitem estruturar múltiplos planos e ambientes, numa conjugação perfeita entre o poético, o pictórico e o reflexivo.
que túmulo em que talhão é a fotografia a preto e branco de uma vila ribatejana; mas é também o retrato de um interior desamparado, rarefeito de gentes, que se dá a ver sem rodeios nem filtros ao olhar do leitor.
Os poemas, organizados em duas partes a partir de uma «arte poética» inicial que a eles preside, sucedem-se como pequenos quadros monocromáticos, quase minimalistas, onde, a espaços, surgem pinceladas de cor vibrante. A densidade apocalíptica do abandono a que são votados lugares, objectos, pessoas e animais, contracena com o irromper súbito do espanto provocado pelo brilho do ínfimo, resultando num imponderável, quase salvífico, que anula a morte equiparando-a poeticamente ao movimento da vida. O livro de João Moita irrompe com uma força discretamente avassaladora no panorama actual da poesia portuguesa, enriquecendo-a com uma voz consistente, pujante e singular”.

João Moita nasceu em Alpiarça em 1984 e já publicou O Vento Soprado como Sangue (Cosmorama Edições, 2009), Miasmas (Cosmorama Edições, 2010) e Fome (Enfermaria 6, 2015, 1.ª ed., e 2017, 2.ª ed. revista e aumentada) e traduziu, entre outros, os autores Antonio Gamoneda, Saint-John Perse, Arthur Rimbaud e Pierre-Félix Louÿs.

Esta prémio foi criado pela Associação Portuguesa de Escritores em colaboração com a Câmara Municipal de Loures e destina-se a galardoar anualmente uma obra de poesia, em português e de autor português, publicado integralmente e em primeira edição. Nesta 5.ª edição foram admitidas 59 obras publicadas no ano de 2022.
O valor monetário deste Grande Prémio, atribuído a João Moita, é de 12.500,00 .
Este prémio já distinguiu os poetas Gastão Cruz, Fernando Guimarães, Nuno Júdice e António Carlos Cortez.