A pandemia que hoje vivemos, tem que ter um fim. A catástrofe sócio-económica que se abateu sobre todos nós, tem que ter um fim. O Homem sobreviveu a milénios de catástrofes e naturalmente que vai sobreviver a esta.
Olhemos a história: no fim de todas as tragédias, sempre reinventámos um futuro. Mas construímo-lo em cima das ruínas que deixámos enterradas. Os que se agarraram ás ruínas e, por comodismos ou inépcia, nelas tentaram sobreviver, desapareceram nessa vã tentativa.
Até ao início do mês de Março deste ano, Alpiarça tinha o futuro solidamente delineado: continuar a definhar, no meio de uns foguetórios, de umas inaugurações de obras sem futuro, de meia dúzia de empolgantes discursos ideológicos, bolorentos e inconsequentes e da busca incessante dos culpados por todos os males que nos acontecem. Era um futuro igual ao de inúmeros lugares por este país, que já foram vilas, sedes de bispados e comarcas e que hoje são vestígios desertos de um passado.
Não é necessário ter assento numa qualquer cátedra, para sentir que, depois desta pandemia, muita coisa vai mudar. Uma profunda crise social e económica já é sentida. Vamo-nos apercebendo, ouvindo os técnicos, que ninguém se atreve a definir a dimensão desta crise.
Alpiarça vai ter que se preparar para o que aí vem. Hoje já é fácil entender muito do que vai mudar. Não estamos perante uma crise que se vença com armas, nem com ideologias. Estamos perante uma crise que se vence com inteligência nas acções.
Orgulhamo-nos de sermos humildes aprendizes das políticas que arrancaram a Europa dos escombros e da miséria do pós-guerra. Das políticas que ergueram países para onde ainda hoje emigramos em busca de melhor vida. Talvez por isso mantenhamos um olhar de esperança e uma vontade de progresso perante os problemas sociais e económicos que já se nos deparam. Talvez por isso acreditemos que somos capazes de contribuir para as mudanças em Alpiarça.
Já não é cedo para Alpiarça, para os governantes de Alpiarça, juntarem todos os que amam esta terra, que querem vê-la florescer, para um debate pós pandemia covid-19. Todos teremos que contribuir.
Que recursos possuímos?
Que fazer com esses recursos, perante as alterações que já se perfilam no futuro?
Que futuro para Alpiarça?
Não um qualquer e habitual muro das lamentações para desfiar o que está mal, para lamber feridas, para redigir uma qualquer moção de repúdio pelos males que nos fazem. Não, nada disso. É urgente olhar de frente o futuro pós-pandemia em vez de ficarmos à espera do que os outros poderão fazer por nós.
Armindo Batata
Deputado Municipal eleito por MUDA ALPIARÇA (PPD/PSD – CDS/PP – MPT)