“Somos cidadãos de segunda”: moradores de rua em Alpiarça com dificuldades de acesso a casa e sem luz

Os moradores da Rua Pinhal da Torre em Alpiarça estão revoltados. A razão é simples: a estrada de acesso às suas casas está totalmente esburacada, dificultando o acesso a casa (pior ainda quando chove) e, ainda por cima, o programa de redução energética cortou luminárias junto a um contentor e a casas, tendo deixado candeeiros a iluminar “nada”. “Somos cidadãos de segunda! Bem sei que esta rua não tem muitos moradores, mas há que respeitar os que vivem aqui, e ainda por cima alguns já não são novos!” – desabafou uma das moradoras da zona que tem empreendido uma guerra para dar alguma dignidade a quem ali vive.

Esta situação não é recente. Há anos que esta rua é “uma desgraça”. Já fizeram queixa, escreveram ao presidente… tentam de tudo. Mas a resposta tarda em chegar e, afinal, a única coisa que pedem é uma niveladora que “esconda” os buracos! Mas “deve estar avariada, como de costume!” – responde a moradora pela autarquia.”Tenho feito de tudo para manter um diálogo aberto mas paciência tem limites! O que pedimos não é alcatrão pois sabemos que não temos direito a ele mas sim que o município mande passar a niveladora uma vez por acaso!” – desabafou a moradora.

A nossa redação falou com 3 engenheiros, 2 deles pertencem a empresas( uma de Lisboa e outra da região norte do país) habituadas a obras públicas que nos responderam que o material usado nestas construções permanece estável por pouco tempo. O circulação constante de viaturas e, sobretudo, os pesados danificam rapidamente o pavimento em macadame: “Esta é sempre uma solução provisória, nas fases iniciais dos planos de urbanização. O alcatrão é a solução final, embora já estejam a ser experimentados certos compostos ou combinações mais ecológicas”.

Próxima da Zona Industrial de Alpiarça, a rua Pinhal da Torre tem ainda um outro problema: a circulação dos pesados por causa do silo de secagem de milho. Dizem os moradores que fizeram um abaixo assinado em 2016 para não deixar a câmara construir o silo naquele lugar por causa dos danos que a circulação de pesados provoca no pavimento. O silo fica em zona agrícola mas o acesso é feito pela Rua Pinhal da Torre. Um dos moradores diz que “o ideal neste caso seria o alcatrão mas não pode ser!”

Esta rua, na vila de Alpiarça, não consta no Plano de Urbanização (Plano que desenvolve o Plano Diretor Municipal), dizem os moradores que por isso não pode ser alcatroada. Na verdade, uma parte da rua faz parte do PU, outra não. Mas a Assembleia Municipal sempre pode votar uma alteração ao PU por proposta da Câmara. Questionado sobre este caso, Mário Pereira, presidente da autarquia respondeu que o maior problema aqui é a falta de dinheiro para mandar alcatroar a estrada. O autarca referiu que “a dívida deixada pelo PS reduziu todas as possibilidades de se avançar com projetos mas afirmou que a máquina niveladora passa duas vezes por ano por aquela rua. “Só que é uma situação recorrente. Mas vamos mandar a máquina. Quero colocar alcatrão mas o problema é que “se não fosse a dívida que herdámos, já tínhamos resolvido o problema. A Câmara já reduziu a dívida substancialmente! É bom lembrar!” – rematou o autarca.

A questão das luminárias da via ainda fica por resolver. No âmbito da poupança energética foram desligadas algumas lâmpadas mas, os moradores acham estranho que as únicas que estão a funcionar, iluminam um terreno vazio. “Estamos em risco aqui porque as habitações estão às escuras e isoladas. Nem ao pé do contentor do lixo ligam a luz!” – queixou-se a moradora.

Com ou sem dívida, a questão é que ali vivem pessoas que se sentem inseguras e com dificuldade em aceder à sua propriedade. Por isso quem mora aqui, chega facilmente á conclusão que “só se lembram do Pinhal da Torre em tempo de eleições e que são cidadãos de segunda pois não têm os mesmos direitos”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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