O Algarve, considerado o paraíso turístico de Portugal, é uma região onde a área de vinha decresceu nos últimos anos devido ao investimento na indústria turística, contudo há novo interesse vitivinícola na região e assiste-se a um novo investimento no desenvolvimento deste sector. Iniciou-se a replantação de castas, a modernização das adegas e praticaram-se novos métodos de produção de vinhos. A importância da vinha no sul português remonta à presença árabe, época em que esta já se cultivava e se exportava o saboroso líquido produzido. Hoje, continuam a produzir-se vinhos de grande qualidade, aproveitando a localização meridional e a proteção assegurada pela barreira montanhosa de Monchique, contra os ventos frios do Norte e a exposição em anfiteatro virada ao Sul, que faz com que o clima seja perfeito para a vinha: quente, seco, com reduzidas amplitudes térmicas e com uma média de 3 000 horas de sol por ano. Os solos são mediterrânicos, vermelhos ou amarelos de arenitos. Há que destacar também nesta região, a produção de aguardente de medronho: Monchique é a terra desta aguardente algarvia com um sabor tão especial. Destilada em alambiques de cobre, por métodos ancestrais, é normalmente bebida em pequenos goles, por homens sentados em volta de uma mesa, como símbolo de convívio e confraternização. Passemos às ilhas e à descoberta de novas curiosidades. A ilha apelidada de “pérola do Atlântico”, a Madeira, tem um clima tipicamente mediterrânico: temperaturas amenas durante todo o ano e baixas amplitudes térmicas, embora a humidade atmosférica seja sempre elevada.Os solos são de origem vulcânica e pouco férteis. O relevo da ilha é muito irregular, por isso as vinhas são plantadas nas encostas de origem vulcânica. Destaca-se a produção do vinho generoso “Madeira”. Este vinho possui uma longevidade fora do comum, aromas complexos e um sabor distintivo que ganhou notoriedade mundial. Os melhores vinhos da Madeira são aqueles que provêm das vinhas plantadas nas zonas de menor altitude. O vinho da Madeira começou a ser exportado para todo o mundo a partir do século XVIII. Os barris de vinho eram transportados em barcos, por isso ficavam sujeitos a inúmeras variações de temperatura até chegarem ao destino. Uma vez no destino, havia vinho que não sendo vendido, voltava para o lugar de origem. Uma vez na Madeira, verificava-se que o vinho apresentava-se muito mais aromático e com novo sabor. Deste modo, a partir de 1730, os barris de Madeira começaram a ser enviados em longas viagens com o objetivo de apurar as qualidades do vinho. O arquipélago dos Açores é constituído por nove ilhas que apresentam condições climáticas pouco favoráveis à plantação de vinha. Contudo, a vinha tem uma longa tradição na região, pois é cultivada desde o século XV. Os Açores destacam-se na produção de vinho generoso da região do Pico e Graciosa. Na ilha Terceira produz-se um vinho branco leve e seco. O arquipélago dos Açores, em pleno oceano Atlântico, é constituído por solos vulcânicos e tem um clima profundamente marítimo. As temperaturas são amenas durante todo o ano, apesar do elevado nível de precipitação e humidade atmosférica. Deste modo, as vinhas têm de ser plantadas em locais onde fiquem naturalmente abrigadas ou são protegidas por ação do Homem. Os currais são muros de pedras onde se plantam as vinhas que, desta forma, ficam protegidas do vento e do ar salgado do mar. E assim está terminada a nossa viagem por todas as regiões vitivinícolas de Portugal. Espero que tenha gostado e retirado algum proveito da leitura! O próximo tema já está a ser “vinificado” e de certeza que dará um vinho interessante, com certeza que está relacionado com VINHO! Até lá.
Rita Conim Pinto – Enóloga