Foi neste domingo, dia 17 de outubro, no Auditório da Casa dos Patudos, que decorreu a sessão solene da Assembleia Municipal que procedeu à tomada de posse dos orgãos municipais, Câmara Municipal e Assembleia Municipal.
Fernando Louro, presidente da mesa da Assembleia cessante, empossou os novos eleitos, despedindo-se das suas funções com palavras de agradecimento a todos os eleitos que o acompanharam ao longo de oito anos e fazendo um balanço positivo da sua intervenção, apesar de alguns momentos que o “magoaram”, destacando ainda a forma democrática como todos os eleitos desempenharam as suas funções e desejando as maiores felicidades aos novos eleitos.
Tomaram posse Sónia Sanfona (PS), presidente da Câmara Municipal de Alpiarça, Jorge Freitas (PS), Ana Margarida Rosa do Céu (PS), João Pedro Arraiolos (CDU) e Fernanda Cardigo (CDU).
Pela Assembleia Municipal tomaram posse todos eleitos das bancadas com assento neste mandato – PS, CDU e Todos Por Alpiarça. Fernando Louro (CDU) deu nesta altura, lugar a Regina Ferreira (PS), cabeça de lista da bancada mais votada, para se proceder à votação da mesa. Regina Ferreira convidou os cabeças de lista das restantes bancadas com assento para a secretariar. Mário Pereira, bancada da CDU, informou que Fernanda Garnel o iria substituir. Armindo Batata, bancada do Todos por Alpiarça, foi o outro secretário. Seguiu-se a votação de uma lista única apresentada pela bancada do PS para a constituição da Mesa de Assembleia. Com oito votos a favor Regina Ferreira foi eleita a Presidente da Mesa, Alzira Agostinho (PS), 1ª secretária e Artur Sanfona (PS), o 2º secretário.
Neste mandato, a Câmara dos seus cinco mandatos, três são ocupados por mulheres. Sónia Sanfona, candidata à câmara pela terceira vez, tornou-se assim a primeira mulher eleita, em Alpiarça, para as funções.
No final da sessão, foi o momento esperado da intervenção dos representantes das bancadas. Discursaram Armindo Batata (Todos Por Alpiarça), Anabela Costa pela CDU e Alzira Agostinho pelo PS. Regina Ferreira encerrou as intervenções destinadas a eleitos para a Assembleia.
Sónia Sanfona encerrou a sessão. O discurso mais esperado, da tarde de domingo, daquela que durante os próximos quatro anos fará a gestão do município de Alpiarça. Com um discurso de liderança, a agora presidente da autarquia, dirigiu-se aos munícipes com três grandes linhas de orientação – a importância do poder local em democracia (desígnio popular, ideia de colectivo, do interesse coletivo); a tipologia de liderança (consenso, criar “pontes”; agregar opiniões, determinação, “brio” de serviço público) e a estratégia de atuação.
Referiu-se a quatro grandes desafios a enfrentar – a transição estrutural da economia, o combate às alterações climáticas, habitação acessível e mobilidade sustentável, acrescentando que Alpiarça tem outros desafios, como a igualdade de oportunidades para todos. Depois de apontar as “falhas”, falta de confiança, da auto-estima, da visão de futuro), Sónia Sanfona elogia a atuação dos alpiarcenses em momentos de crise e segue o seu discurso enumerando os projetos que pretende implementar, e que já havia referido durante a sua campanha. São projetos de visão mais ampla, mesmo em extensão de tempo, em simultâneo com outros que permitem responder às necessidades imediatas dos munícipes.
Mas este discurso tem dois aspetos a salientar. A assertividade com que precisou, por exemplo, a estratégia de parcerias ou elencou algumas medidas (como o apoio à população idosa) já pressupõe a existência de “trabalho de campo” já efetuado. Por outro lado, esta foi uma intervenção baseada na “consciência”, como por várias referiu, na situação e nas dificuldades do concelho. Com as propostas que ambiciona para Alpiarça, Sónia Sanfona inaugura uma estratégia política de abertura, seja no sentido do concelho para o exterior, como na criação de um sistema de “governo aberto” dentro do próprio concelho.
“Vamos fazer este caminho de quatro anos com otimismo” – disse, ” e confiantes que, ao passarem estes quatro anos de mandato, estaremos aqui tranquilamente e de cabeça erguida a prestar contas aos alpiarcenses”.
Uma tarefa de quatro anos que não será fácil em termos de gestão dada a fragilidade económica do concelho e do país nesta fase pós-pandemia e perante o quadro político inconstante do país. Falta ainda perceber como será a estratégia de oposição da CDU na Câmara. É preciso não esquecer que 113 votos é a distância entre um e outro.