UMA FEIRA SEM IDENTIDADE – Estive para escrever sobre outro assunto que não a ALPIAGRA deste ano. Parece até redundante dar uma opinião sobre um acontecimento para o qual milhares de pessoas tiveram a oportunidade de formarem uma opinião. No entanto, e das conversas que tive com alguns conterrâ- neos acerca da ALPIAGRA 2016, registei algumas questões que achei oportuno colocar: Qual é, afinal, a identidade da ALPIAGRA? É uma feira Agrícola? – Não, este ano não foi. É uma feira Comercial? – Não, também este ano não foi. Que diligências existiram com agricultores, comerciantes de equipamentos e prestadores de serviços para a agricultura para que pudessem estar presentes? Aparentemente, nenhumas. Existe algum projeto de continuidade para o Salão Automó- vel? É que tem sido um evento intermitente, dependente de não existirem expositores em número suficiente capazes de preencherem condignamente a nave desportiva. Assim, jamais ganhará tradição ou referência junto dos empresários do retalho automóvel. Aliás, o próprio público desconhecia a existência de um salão automóvel na ALPIAGRA 2016. Porque não houve um único seminário ou colóquio acerca de ‘qualquer coisa’? Deixou de ser importante formar e informar os pequenos agricultores e empresários de Alpiarça? Que motivações estiveram associadas à decisão de colocar a pista ‘dos carros de choque’ na zona central do recinto? Porque não se dignifica a nossa cultura popular e tauromá- quica com a construção de um recinto para garraiadas digno desse nome, ao invés da colocação de estruturas metálicas temporárias, destinadas à realização de, apenas, 2 garraiadas com vitelos apavorados com a multidão? Por falar em Ribatejo, Alpiarça não é Ribatejo? Onde estiveram os elementos característicos da nossa região e que normalmente estão presentes noutros certames da região? Qual o papel que os jovens têm neste certame? Vou ainda mais longe – Que papel tiveram os jovens na realização da feira? Para acabar e a ‘pedido de várias famílias’, o que é feito da Gincana de Tratores, dos Torneios de Chinquilho, de Damas, Xadrez, Sueca e outros torneios que reuniam tantas centenas de alpiarcenses em tardes de convívio únicas e tão características da ALPIAGRA de antigamente? Se acabam com os elementos tradicionais e característicos do certame, anunciam prematuramente a morte da feira… Por fim, há que dar os PARABÉNS a todos os artistas que animaram as noites deste certame (e aqui nunca se consegue agradar a todos). Não fossem eles, provavelmente teriam enterrado o pouco que resta da ALPIAGRA, de uma vez por todas. Já os ‘artistas da terra’ (os que nos governam), já não animam ninguém…
Mário Santiago
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