“O meu próximo objetivo é a qualificação para Tóquio 2020”

Foi uma estreia e um mo­mento da sua vida que Miguel Arraiolos e os seus conterrâneos não vão esque­cer tão depressa. Embora, na opinião do próprio atleta, o resultado obtido nas Olim­píadas do Rio 2016 tenha ficado aquém das suas ex­pectativas, o humilde Arraio­los fez história e não mostra sinais de querer abrandar.

 Que balanço faz da sua participação no Rio 2016?
De uma forma geral, sinto que o resultado que fiz me soube a pouco, esperava sen­tir-me um pouco melhor em toda a prova e acabei por não me sentir como queria logo no segmento de natação o que acabou por influenciar o resto da prova.

Quais foram as principais dificuldades que encontrou durante a prova olímpica?
O segmento de ciclismo foi o mais duro mas onde senti mais dificuldades foi mesmo na natação por não conseguir encontrar o ritmo que desejava.

Quer repetir em 2020 a experiência das olimpíadas?
Sim, claro, já trabalho há 10 anos com o ob­jetivo de chegar ao topo e poder competir ao lado dos melhores do mundo, agora que consegui chegar a esse objetivo vou apro­veitar até não poder mais.

Que ambiente se viveu no Rio de Janeiro durante a realização do evento?
Durante a minha prova esteve um ambiente de festa espetacular, apesar da nossa grande claque tuga que lá esteve a apoiar, senti tam­bém uma grande força do povo brasileiro que realmente nos vê como “irmãos” e por isso merecem um agradecimento especial.

Se pudesse voltar atrás, teria feito alguma coisa diferente?
Não, apesar de o dia da minha prova não ter sido um dia excelente para mim, em termos de boas sensações, eu sinto que dei o meu melhor e não conseguia fazer melhor nesse dia. Fico feliz por apesar de tudo ter conse­guido dar o meu melhor.

Foi especial ter os pais a apoiá-lo de per­to?
Sim, muito especial. Os meus pais foram as pessoas que acompanharam a minha carrei­ra toda mais de perto e por isso foi muito especial estarem perto na prova mais im­portante de toda a minha carreira.

Muito se especulou sobre as condições de segurança nestas Olimpíadas e houve mesmo alguns casos em que, já no de­correr dos jogos, se apontou o dedo à or­ganização dos jogos Rio 2016, como por exemplo a falta de condições na Aldeia Olímpica. Como atleta, sentiu que estive­ram reunidas as condições ideais?
Eu não tenho nenhuma queixa a fazer, sen­ti-me sempre seguro e não tive qualquer problema na semana e meia em que estive no Rio. Em relação às condições na vila, é claro que as condições ideais são sempre di­fíceis de ter, principalmente nos quartos dos nossos apartamentos, mas como foi a minha primeira participação olímpica não consigo comparar com outras edições.

Por vezes, alguns atletas confundem a competitividade com a falta de fairplay. Mais do que ganhar, saber perder é uma qualidade extremamente importante em qualquer desporto de alta competição. Concorda?
Sim, concordo. Todos os que chegaram ao topo já passaram por muitas derrotas e ti­veram, portanto, de saber ultrapassar essas derrotas, por isso mesmo, já estando no topo, sabemos lidar com as derrotas por já termos passado por isso.
Em todos os desportos tem de haver com­petitividade para tornar a competição mais emocionante e dá para conciliar bem com o fairplay. No meu desporto, que é o triatlo, existe muita competitividade, até mesmo entre atletas da mesma nação, e ao mesmo tempo quase todos se dão bem e se conhe­cem pessoalmente. No final da competição há sempre um bom convívio entre nós, atle­tas.

Conheceu pessoalmente algum ídolo do desporto?
Das coisas que gostei mais foi da integração na comitiva olímpica portuguesa, ter opor­tunidade de conhecer a maioria dos ídolos desportistas portugueses e conviver/viver este grande espírito olímpico com todos eles.

Quais são os planos para o futuro mais próximo?
Apesar de ter dado o meu melhor na prova dos jogos, acho que consigo um resultado melhor. Quanto à experiência olímpica, ado­rei. Por isso, agora o meu próximo objetivo é a qualificação para Toquio2020, para repe­tir a experiência e ter oportunidade de fazer um resultado bem melhor.