“Não somos vendedores de ilusões mas não compactuamos com visões miserabilistas e redutoras das nossas potencialidades e capacidades”

Sónia Sanfona é a candidata à Câmara Municipal de Alpiarça, pelo Partido Socialista.

Como tem corrido a pré-campanha?
A Pré campanha tem corrido muito bem. Temos optado pela proximidade, pela interação com os Alpiarcenses e temos sido muitíssimo bem recebidos. Tem sido uma campanha de trabalho, dialogando com as pessoas, percebendo os seus problemas e ouvindo as suas críticas, apresentando as nossas propostas e apelando à participação democrática de todos. Tem sido também uma campanha de afetos e de partilha.

Acredita que a vitória não lhe escapa desta vez?
Acredito que a proposta de projeto autárquico que lidero, os seus valores, as suas propostas e os seus candidatos são os melhores para a minha terra. Acredito que connosco é possível voltar a sonhar, porque ambicionamos progresso, desenvolvimento e qualidade de vida para todos os alpiarcenses e temos uma equipa capaz de concretizar esse objetivo. Acredito que vale a pena servir Alpiarça. No entanto, são os alpiarcenses que decidirão se merecemos esse voto de confiança. Acredito que o farão.

Entre 2005-2009 foi deputada, integrando a direção da bancada socialista na Assembleia da República durante a liderança partidária de António José Seguro, isso pode ser mais valia? Em que medida?
De facto estive como deputada no Parlamento nacional entre 2005 e 2009, onde fui vice-presidente do meu grupo parlamentar e, mais tarde, estive na direção nacional do PS, sob a liderança de António José Seguro. Ambas as experiências, embora diferentes, foram extremamente importantes para mim. Quer do ponto de vista político, onde conheci e interagi com muitas pessoas, de vários quadrantes políticos, tendo a oportunidade de contactar com assuntos de relevância nacional e de colaborar com a governação do país, quer do ponto de vista pessoal, ganhando experiência e algum traquejo nestas questões. Não obstante não se tratar de uma função executiva, é naturalmente uma mais valia, já que me deu um conhecimento profundo do funcionamento das estruturas políticas e administrativas nacionais o que me ajudará seguramente, no desempenho das funções a que me candidato.

Mesmo estando agora no governo, quem retirou Seguro da liderança do PS?
Os processos internos de disputa de poder nos partidos políticos são, em regra, discutidos e disputados com intensidade e, às vezes até, polémicos. É assim, pelo menos, nos partidos democráticos. Mas, depois de ultrapassados os processos de discussão interna, consolida-se a liderança vencedora e procura-se estabilizar a vida do partido, preparando-o para aquilo que é o seu objetivo – disputar e vencer eleições, colocando-o ao serviço das pessoas e das comunidades, implementando as suas propostas. O PS desempenha hoje funções de extrema responsabilidade, assumindo o Governo do nosso país. Tem feito um trabalho de recuperação do país e da qualidade de vida das pessoas extraordinário. Isso é o mais importante.

Pedro Gaspar, nas autárquicas de 2013, ficou com 21,25% dos votos, perdendo o segundo vereador do partido eleito em 2009. O que terá agora que ser feito de forma diferente?
Na política, como na vida, devemos aprender com os processos e procurar melhorar sempre, com humildade mas com determinação. Precisamos saber interpretar a vontade dos alpiarcenses, as suas necessidades e os seus anseios e apresentar as melhores propostas no sentido de concretizar as suas expectativas. Estamos a trabalhar para recuperar a sua confiança.

Depois deste resultado em 2009 a vitória no dia 1 é ainda mais difícil?
A vitória depende exclusivamente da vontade dos alpiarcenses. É assim em democracia. A nós compete-nos o trabalho de nos disponibilizarmos para servir Alpiarça, apresentar as nossas propostas, trabalhando no sentido de merecer a sua confiança e, no final, respeitar a sua decisão.

O PS liderou a Câmara de Alpiarça entre 1997 e 2009, ano em que Sónia Sanfona perdeu o município para o comunista Mário Pereira. A sua eventual vitória é por isso uma questão também pessoal?
Para mim, as disputas eleitorais nunca são questões pessoais. Não sou eu, ou os meus adversários que estamos em causa. É Alpiarça e os alpiarcenses. É o presente e o futuro da nossa terra e das nossas gentes. Em 2009 não consegui que os alpiarcenses escolhessem o caminho que lhes propuz. Desta vez espero merecer a sua confiança. Não tenho dúvidas da qualidade da equipa com que me candidato nem do mérito das nossas propostas. Sei que somos capazes de fazer mais por Alpiarça e acredito que os eleitores vão reconhecer isso mesmo.

Que qualidades vê em Mário Pereira?
E defeitos? E qualidades em Paulo Sardinheiro? E defeitos?
Todos temos qualidades e defeitos, é da natureza humana. Nem sempre temos é a mesma perspectiva sobre o que são qualidades e o que são defeitos. Mas se se refere a qualidades e defeitos políticos dos meus adversários (como penso), ninguém melhor do que os alpiarcenses para fazer esse juízo. Posso antes falar-lhe sobre as minhas qualidades e os meus defeitos. Sou uma pessoa determinada, habituada a lutar pelo que quero, sou comunicativa, leal, honesta e dedicada. Gosto de estudar os assuntos e não tenho medo do trabalho. Sou, contudo, uma pessoa reservada, procuro disfarçar alguma timidez e tenho pouca paciência para coisas que considero fúteis ou despropositadas. Luto diariamente para ser pontual.

Recentemente, a Câmara fez uma publicação que por alguns foi classificada de propaganda. Concorda com esta ideia?
Concordo, completamente. Sempre defendi a importância da comunicação entre a autarquia e os alpiarcenses. Considero que os munícipes devem ser informados das atividades da autarquia de modo a acompanharem o seu trabalho e a aprofundarem a sua participação na vida da comunidade. No entanto, o boletim /revista além do editorial e textos produzidos pelo presidente da Câmara e candidato, que versam sobre o que foi realizado mas também e sobretudo sobre perspectivas e projetos em execução ou futuros, de obras de execução duvidosa, de obras concretizáveis que ainda não saíram do papel, das fotografias de todos os titulares dos órgãos em exercício de funções, mas também candidatos às próximas eleições, visa beneficiar tais titulares/candidatos prejudicando de forma vergonhosa o respeito pela cultura, identidade e igualdade democráticas. Fez-se exatamente, a expensas dos alpiarcenses, o que, em tempos, tanto se criticou.

Em 2009 ocupou o lugar de vereadora durante cerca de um mês, até à nomeação como governadora civil, regressando em outubro de 2011 ao executivo na sequência da extinção do cargo. Como recorda o seu trabalho na altura?
Efetivamente, em 2009, suspendi o meu mandato como vereadora, dada a incompatibilidade entre este e o cargo que vim a ocupar como Governadora civil do distrito de Santarém. Logo que cessou esta incompatibilidade, retomei o meu mandato, que acumulei com a atividade profissional que, entretanto, iniciei. O trabalho de um vereador na oposição, sem qualquer pelouro atribuído, é extremamente redutor. Resume-se a um trabalho de fiscalização do trabalho do executivo, de acompanhamento dos processos e de apresentação de propostas que, em boa verdade, são quase sempre rejeitadas. Foi o que procurei fazer, com espírito crítico mas também colaborativo, sempre que se justificou.Na altura, também não tinha a visibilidade que hoje tem, já que as sessões são gravadas em vídeo e, portanto, são visionadas por muito mais pessoas. Não deixa de ser um trabalho de muita responsabilidade, em representação dos eleitores.

Quais as propostas do PS para o próximo mandato?
O PS vai apresentar aos alpiarcenses um programa eleitoral ambicioso mas exequível. As nossas propostas refletem, por um lado, a visão estratégica que temos para o concelho a médio longo prazo, e, por outro, a necessidade premente de ultrapassar dificuldades e obstáculos que estão colocados ao município no presente e que urge serem resolvidos. A preparação do futuro faz-se no presente, com ambição, mas com os pés assentes na terra. O programa eleitoral do PS é um compromisso, entre o presente e o futuro, um compromisso com as pessoas e as instituições. Um programa responsável, criativo, viável, que olha para o concelho como um todo e que visa projetá-lo de forma consolidada. Não somos vendedores de ilusões mas não compactuamos com visões miserabilistas e redutoras das nossas potencialidades e capacidades. Assim, fazendo uso de uma gestão financeira rigorosa, apostaremos em três eixos de medidas estruturantes: As Pessoas, as Organizações e a Promoção do Concelho. A melhoria da qualidade de vida dos alpiarcenses, o desenvolvimento económico e social sustentado do concelho e uma estratégia de valorização e promoção dos nossos recursos e património (cultural, natural e humano) estarão no centro das nossas propostas. Brevemente serão apresentadas a todos, sendo que algumas constam já do último jornal de campanha que distribuímos.

Se não ganhar, vai tomar posse?
Tomarei posse qualquer que seja o resultado eleitoral.

A questão da dívida tem sido muitas vezes apontada como entrave ao desenvolvimento. A CDU tem razão no que diz? Porquê?
A CDU, de modo a esconder a sua incapacidade e inoperância, refugiou-se num discurso catastrofista, que não tem tradução na realidade. É, aliás, um discurso que procura desculpabilizar a sua governação, o que faz recorrentemente, sacudindo as responsabilidades do desaire para outros. O discurso do “coitadinho” que não faz mais porque não pode (quando deveria dizer que não faz mais porque não sabe ou não quer) já não pega. Aliás, aquilo que diziam não poder fazer-se, em virtude da dívida herdada, tem vindo nos últimos meses, em ano eleitoral, a concretizar-se. A limpeza do concelho, que não se fez durante meses, é um exemplo. Na verdade, o investimento que foi feito em Alpiarça nos mandatos do PS e que originou parte da dívida, é exatamente aquele que tem potenciado o desenvolvimento e assegurado a melhoria concreta da nossa qualidade de vida. O principal entrave ao desenvolvimento do concelho é a atitude deste executivo CDU, a sua inoperância e falta de rasgo e a sua concreta incapacidade (ou falta de vontade) de trabalhar para o conseguir.

Porque é que disse em julho que “O que a CDU quer é desviar as atenções dos alpiarcenses”?
Precisamente porque a CDU e este executivo têm dificuldade em assumir responsabilidades. Porque ainda não perceberam que não podem escudar-se eternamente em desculpas nem em enjeitarem sistematicamente a responsabilidade quando são alvo de críticas. É assim que têm vindo a disfarçar a sua incapacidade e o insucesso da sua governação. Todos, desde funcionários, serviços administrativos municipais, organizações regionais, instituições e governo servem de desculpa para a desorientação, falta de estratégia e de trabalho. Mas os alpiarcenses estão atentos e não se deixarão enganar. É o desempenho deste executivo que está em causa e é esse que vai ser julgado nas eleições de 1 de outubro, sem desculpas.

Porque devem os alpiarcenses votar em si no dia 1?
Submeto-me ao escrutínio dos alpiarcenses, com a consciência de que posso fazer mais e melhor pela terra onde nasci, cresci e vivo. Reuni uma equipa de pessoas, que comigo se candidatam, que são exemplos de dedicação a Alpiarça e que têm provas dadas nos cargos que ocuparam e nas associações/instituições por onde passaram, provas de competência e de capacidade de trabalho. Juntos dedicaremos todo o nosso conhecimento e trabalho a melhorar o presente e a construir, para as novas gerações, um futuro mais promissor. Sei que, com os alpiarcenses, todos, serei capaz de tornar Alpiarça numa terra cuidada, bonita, a crescer, onde nos sintamos bem a viver e a trabalhar, onde as nossas expectativas se cumpram e os mais novos se possam rever, onde haja investimento, emprego e condições para uma vida tranquila a que todos aspiramos.