Mário Santiago: “O TPA está mais preocupado em criar âncoras de desenvolvimento”

Mário Santiago é um apaixo­nado pela astronomia e em tempos longínquos sonhou ser astronauta. Este econo­mista, deputado do movi­mento TPA (Todos Por Al­piarça), não se considera um verdadeiro homem político mas, reconhece a importân­cia que a política tem para mudar o rumo daquilo que, a seu ver, impede o desenvol­vimento do município.

De independente da CDU a independente pelo TPA. O que levou a esta mudança?

No final do anterior mandato, desiludido em grande parte com algumas pessoas, pensei desistir da política. O Francisco Cunha teve a destreza e inteligência para me fazer mu­dar de opinião quando me apresentou o seu projeto e as pessoas que o acompanhavam. Apercebi-me que estava ali algo mais do que meras ideias com pés e cabeça. Estava ali uma verdadeira alternativa para Alpiarça. Não tenho motivos para ter mudado de opi­nião entretanto…

O que vai mudar na estratégia que o TPA tinha em 2013 para as autárquicas de 2017?

Ainda é cedo para abordar o assunto. Para já, continuamos apostados em demonstrar aos Alpiarcenses que existe uma alternati­va ao atual marasmo. Estamos todos fartos de modelos de governação autárquica que não trazem qualquer desenvolvimento. A atual gestão autárquica está mais preocupa­da em proporcionar cuidados paliativos ao moribundo. O TPA está mais preocupado em criar âncoras de desenvolvimento local, através de projetos diferenciadores e estru­turantes.

Se a mudança do rumo político de Alpiar­ça dependesse de uma aliança entre o TPA e um partido do município, o movimento estaria aberto a essa possibilidade?

Não cultivamos nenhuma postura do ‘orgu­lhosamente sós’. (Quase) todas as opções estão em aberto. A matriz deste movimen­to sempre foi a de juntar o maior número de pessoas válidas em torno de um objeti­vo comum. Temos pessoas que vieram da CDU, do PS, do PSD, do CDS. Mas prin­cipalmente temos independentes, muitos independentes. Orgulhamo-nos de ser o único movimento político em Alpiarça que verdadeiramente valoriza o papel dos inde­pendentes. Aqui não os mastigamos com ob­jetivos eleitoralistas.

Um cenário hipotético (muito) pouco provável: o adolescente Mário Santiago encontra o Mário Santiago do presente; como acha que veria ele a pessoa em que se tornou?

Era capaz de haver uma discussão entre ambos. Mas acho que o Mário Santiago de hoje venceria o confronto. O adolescente era muito mais sonhador mas posso dizer que me orgulho do que me tornei. Tenho uma família que adoro, tenho um trabalho de que gosto, faço coisas que me dão prazer. Querer mais para quê ?

Para além de Francisco Cunha, que outro militante do TPA estaria apto a candida­tar-se às eleições autárquicas de 2017?

Julgo que se refira a candidato à Presidência do Município. Uma coisa é capacidade, ou­tra é disponibilidade e outra ainda é aptidão. Estou convicto que temos várias pessoas ca­pazes para o desempenho do cargo (além do Francisco Cunha). Dessas, nem todas estão disponíveis ou aptas para tal. E depois, ser Presidente de Câmara não é para todos. Veja o caso de Alpiarça…

O Presidente da C. M. de Alpiarça, Má­rio Pereira, mostrou alguma surpresa e indignação quando confrontado com um artigo de opinião em que Mário Santiago o apelida de “Pikachu”, chegando mes­mo a declarar que “não era essa a ideia que eu tinha da [sua] pessoa ”. O humor é uma forma eficaz de criticar?

Ele que leia nas entrelinhas. Não existem motivos para se sentir indignado. E se o hu­mor não fosse eficaz, esta questão nem teria existido…

Tem criticado bastante a “falta de ação” da CDU enquanto força governante. O executivo, por seu lado, riposta alegando que a falta de liquidez financeira impede investimentos camarários no concelho. Enquanto político, como resolveria este dilema?

O argumento da falta de liquidez é absurdo. Então porque se projeta gastar meio milhão de euros num ‘estádio’ de futebol no Casa­linho? Ou porque se constrói um edifício junto aos Paços do Concelho, numa obra de mais outro meio milhão de euros, para ficar devoluto? O problema são as opções de investimento. Gasta-se dinheiro em obras que não trazem retorno económico ao con­celho… é natural que depois se queixem da falta de liquidez. O TPA tem outras opções de investimento: opções estruturantes que captam residentes, novas empresas e, por conseguinte, mais receita fiscal, reduzindo a dependência das transferências do Estado. Qualquer Alpiarcense que compare o dis­curso político do atual Presidente com o do Francisco Cunha apercebe-se que estão num patamar de ideias e capacidades muito dis­tantes. O próprio conceito de investimento é ‘estupidamente’ diferente.

Daqui a 20 anos espera olhar para trás e ver que…?

…estou vivo e de saúde. Assim como os que amo. O resto é secundário…

Se estivéssemos num programa de rádio e eu lhe concedesse um minuto de “ante­na”, o que diria aos nossos leitores?

O nosso movimento de independentes (TPA – Todos por Alpiarça) mostrou à população que não aparece apenas de quatro em qua­tro anos como outros partidos da oposição. Estivemos presentes todos os dias ao longo de um mandato, com ideias, projetos, suges­tões, denunciando os erros. Se isso serviu de alguma coisa é o que iremos ver em 2017. Mas temos a ousadia de afirmar que nenhum outro candidato de outro partido gosta tanto da nossa terra como nós.