Lívio Medeiros, o selecionador nacional de Patinagem em Velocidade

A Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º de Dezembro tem ao seu dispor nada mais, nada menos que o entusiasta selecionador nacional de Patinagem em Velocidade, Lívio Medeiros. O alpiarcense foi entrevistá-lo justamente antes da sua partida para a República Popular da China, onde tem lugar o Campeonato do Mundo da Patinagem de Velocidade 2016.

Quando nasceu a paixão pela patinagem?
Nasceu há uns anos quando fui convidado para ir para a Federação [Portuguesa de Patinagem]. Já conhecia a modalidade, mas foi aí que eu aprofundei mais e ganhei todo este amor, toda esta paixão que tenho neste momento. Foi mais ou menos nessa altura, cerca de 2003.

Como é que se chega a Selecionador Nacional desta modalidade, que é a Patinagem de Velocidade?
Eu estava na Federação e, na altura, aquando da saída do antigo selecionador, convidaram-me para ficar. Foi assim que aconteceu. O Lívio não é natural de Alpiarça.

Como veio cá parar?
Eu sou dos Açores e vim para cá estudar, tal como muitos açoreanos que querem seguir o ensino superior e cuja oferta não existe nos Açores e têm que vir para o continente. Eu vim para cá tirar o curso e entretanto acabei por ficar por Portugal e fazer aqui a minha vida. Eu sou professor de Educação Física e depois, consoante a “lotaria dos professores” vai ditando onde nós vamos ficando, eu, em 2009 fiquei em Alpiarça onde acabei por criar raízes.

Como surgiu essa oportunidade?
Já há algum tempo que eu procurava um clube para abrir esta secção. Inicialmente tive muitas reticências por causa da minha vida profissional: como professor, tanto posso ser colocado aqui como mais longe e tinha medo de começar um projeto e depois não lhe conseguir dar continuidade, até que houve uma altura em que pensei que se ficasse à espera que isso acontecesse nunca mais fazia nada. Por isso, em 2014, comecei logo a procurar e quando falei com responsáveis da direção da Sociedade Filarmónica eles, basicamente, nunca mais me largaram e quiseram sempre apoiar-me neste projeto, ou seja, nunca me deixaram sozinho. Com esse apoio senti que era o sítio ideal para abrir a secção e dar-lhe continuidade. Foi por isso que acabei por abrir a secção na Sociedade.

Neste momento tem quantos alunos?
Cerca de 15, pelo menos, este foi o número que tivemos na época passada. Para este ano letivo, porque a época desportiva vai de janeiro a dezembro, conto com esse mesmo número. Espero ter condições para poder contar com mais, se eu tiver um local fechado, um pavilhão, para poder praticar em Alpiarça, principalmente quando as condições são adversas.

Costuma ser em recinto aberto?
Costuma ser em recinto aberto, sim, cujo piso já tem também alguns anos e também se foi danificando com a nossa utilização. Queria abrir uma aula para os mais novos, na idade pré-escolar, porque só tenho primeiro ciclo e eles terminam as aulas às 17h30 para começarem aula aberta comigo às 18h. Às 19h dou pré-treino, ou iniciação, a um aperfeiçoamento da patinagem para aqueles que já começaram o ano passado e agora queria abrir uma outra às 16h30 para os miúdos do pré-escolar para, dessa forma, aumentarmos também o número de praticantes e divulgarmos esta atividade a mais pessoas. Obviamente que sou suspeito ao dizer que esta modalidade é bonita mas basta que dêem uma oportunidade à patinagem para que entendam o que digo. É cativante para os mais novos andar de patins, eles gostam, sentem que é um grande desafio e, como precisamos de alargar a base, temos perspetivas de continuidade no futuro.

Que faixa etária abrange esta secção?
Nós abrimos portas a qualquer faixa etária, desde o pré-escolar até masters, acima dos 30 anos. Pessoas que queiram aprender, que nunca tiveram oportunidade e que, neste momento, acham que têm possibilidades, ou capacidades para aprender a patinar, nós ensinamos, não temos limitações etárias nesse sentido. Aliás, sempre que dou treinos aos mais novos e os pais estão presentes, faço-lhes sempre um convite para participarem; temos patins de criança e de adulto para quem não os possui e podem experimentar. Se falarmos em termos de competição, então aí podemos dizer que existem para todos os escalões etários, mas já diferem. Neste momento estamos a participar, principalmente em competições regionais que são direcionadas para a formação dos mais novos, e estes, desde que saibam patinar, podem enquadrar-se em qualquer tipo de prova. Há uma série de fatores que tornam este tipo de modalidade apelativa aos mais novos. Até aos 13 anos quem está a aprender tem esse enquadramento. Se estivermos a falar de competição a nível nacional, aí temos competições que são designadas de “encontros”, para os mais jovens, mas a partir dos iniciados, ou seja, dos 11 anos, nós temos competições que são designadas por campeonatos nacionais e aí já é um nível competitivo muito superior e também se enquadra aquela classe de aperfeiçoamento de que falei há pouco e que, com trabalho, já pode participar para estarmos ao nível nacional dos outros, sendo que este já é muito mais exigente.

Há muitas escolas de patinagem de velocidade no distrito de Santarém?
Não. Pelo menos em relação a patins em linha, não há. Na Patinagem de Velocidade nós somos, neste momento, o único clube pertencente à Associação de Patinagem do Ribatejo. Sentindo um pouco a responsabilidade como treinador e adepto desta modalidade quero que a patinagem cresça e fui eu que iniciei contactos com a Associação do Ribatejo para colaborar com eles para promover o crescimento da modalidade noutros locais, seja em Santarém, seja em Almeirim, seja em todas as cidades e vilas do Ribatejo. Somos os únicos a praticar patins em linha, mas não é esse o nosso objetivo.

O futuro da secção de patinagem passa por tentar que outros concelhos promovam esta modalidade?
Sim, nós temos abertura para que isso aconteça e queremos colaborar nesse sentido. Se for necessário, faremos demonstrações ou treinos com outros miúdos para verem de que forma nós nos preparamos. Se precisarem de colaboração da minha parte em termos técnicos também tentarei estar disponível porque a verdade é que queremos que a modalidade cresça.

As aulas já se encontram a decorrer?
Vamos iniciar este mês, que será gratuito para todos aqueles que querem experimentar, e a partir do dia 1 de outubro tem o seu procedimento normal, não significando isto que, se mais tarde alguém quiser experimentar, não o possa fazer sem compromisso. Acho que é assim que deve ser feito: os miúdos devem estar numa atividade de que gostam e para a qual se sentem motivados sem serem obrigados. Portanto, podem lá ir experimentar uma, duas ou três semanas e caso gostem, então assumimos o compromisso de trabalho a médio prazo. para passarmos ao patamar seguinte, que pode começar a ter alguma exigência. Portanto, quem quiser experimentar pode fazê-lo a partir da terceira semana deste mês.

Quais são as próximas atividades da secção de Patinagem de Velocidade?
No dia 22 de outubro a Associação de Patinagem do Ribatejo, em colaboração com três associações de patinagem – Lisboa, Leiria e Ribatejo – vai organizar um torneio regional indoor no Pavilhão Municipal do Entroncamento que, na minha opinião, é magnífico porque tem dimensões muito boas e um piso igualmente muito bom para podermos fazer ali um excelente espetáculo. Este torneio é muito importante para nós, Associação de Patinagem do Ribatejo, porque, em primeiro lugar, pode significar a adesão de outros concelhos e outros clubes à modalidade; em segundo lugar, é uma oportunidade para todos os que vão participar, uma vez que este torneio tem uma ideologia assente na lógica de “um pódio para todos”, ou seja, organizados em escalões de maneira a que, no final, todos subam ao pódio; por último, é uma boa oportunidade para divulgar a modalidade em toda a região. Neste momento, estamos a tentar conseguir cobertura dos órgãos de comunicação social porque são essenciais na difusão e visibilidade daquilo que fazemos.