O jardim municipal de Alpiarça, agora alargado, parece ser o bombo da festa, ribombado por todos, ou quase todos, dos que não se revêem na acção dos comunistas na Câmara Municipal. Não custa nada dizer que não se gosta, que estava melhor antes das obras, que se partiu o degrau, enfim, um não mais acabar de predicados, bons e maus, dependendo do gosto e da barricada onde cada um se senta no dia a dia.
Vamos então a alguns factos, que não dependem do gosto, estético ou político, de cada um:
Primeiro Facto: O jardim foi alargado, sacrificando dois lotes, com duas frentes cada um,
excelentemente localizados, para quando Alpiarça sair deste torpor e voltar a crescer. Tapou-se uma evidencia de atraso, eliminando a evidência. A velha máxima, do mensageiro ser o culpado da má notícia.
Se cada casa em ruínas for transformada em jardim, Alpiarça fica muito bonita, mas deserta.
A Câmara gastou dinheiro, que era nosso, a comprar aquelas dois lotes, em vez de o utilizar em investimentos que trouxessem emprego e crescimento a Alpiarça. Incompetência, distracção ou azar?
Segundo Facto: No jardim, foi gasto dinheiro nosso, a construir um parque infantil. O parque não cumpre a legislação de segurança para aquele equipamento, como muito bem afirmou numa Assembleia Municipal, uma senhora vereadora do PS.
Quando me deparei com dezenas de metros de uma barra de aço, enterrada ao cutelo no chão, à espera da cabeça de alguma criança, pedi ao senhor presidente da Câmara para se pronunciar ou interditar a utilização do parque. Nada aconteceu, pelo que denunciei a situação à ASAE.
Na última AM o executivo afirmou que aguardava orçamentos para obras de correcção no parque infantil.
Vamos pagar segunda vez o que já foi pago e mal feito da primeira vez. Incompetência, distracção ou azar?
Terceiro Facto: No meio do jardim, está um secador de milho. Sim, aquele edifício recentemente concessionado para esplanada, tem três paredes em vidro de má qualidade, não sombreadas, viradas a nascente, sul e poente. Aquele edifício poderá ser utilizado, em ambiente académico, como exemplo de mau desempenho térmico. Quase tudo o que de mau se pudesse fazer em termos de desempenho térmico, esta materializado naquele edifício. De notar, que no programa de “Reabilitação Urbana”, são apoiadas medidas de eficiência energética, complementares às intervenções.
Na passada sexta-feira, dia 9, a sessão de esclarecimento sobre o instrumento financeiro de apoio à reabilitação urbana, teve lugar ao lado do secador do milho, debaixo de uma árvore e com projecções de vídeo sobre um ecrã à luz exterior do sol (!). Não se aguentava o calor lá dentro ou não há auditórios em Alpiarça?
Aquilo vai ter que ser corrigido. Quanto vamos gastar em obras (sombreamento das fachadas em vidro) e em KWh para os equipamentos de ar condicionado? Vamos pagar segunda vez o que já foi pago e mal feito da primeira vez: Incompetência, distracção ou azar?
Quarto Facto: Mesmo não entendendo nada de botânica, estou convicto de que no jardim foram plantadas amargoseiras. A Câmara confirmou que os frutos daquelas árvores, iguais ás que estão na zona das piscinas e no parque da Gouxaria, “ … produzem um fruto drupáceo que ao ser ingerido pode ser tóxico e, que futuramente irá identificar as espécies com placas nos parques infantis potencialmente frequentados por crianças.”
Se há de facto no jardim árvores daquelas, não seria melhor substituí-las? Vamos pagar duas vezes de qualquer das formas: ou uma nova árvore ou uma placa. Incompetência, distracção ou azar?
Armindo Batata
Deputado Municipal – Muda Alpiarça (PSD – CDS – MPT)