Armindo Batata é o candidata à Assembleia Municipal de Alpiarça, pelo Movimento Muda Alpiarça.
Que balanço faz dos últimos quatro anos da forma como o Presidente da Assembleia Municipal geriu o cargo que ocupa?
A Assembleia Municipal (AM) tem perdido muito do seu brilho democrático nos últimos quatro anos, aliás, todo o concelho parece viver debaixo de um manto de nevoeiro, que impede as pessoas de verem mais além. Aos olhos dos eleitores, a AM parece-se mais como uma penosa obrigação legal, a que o executivo, com visível má vontade, tem que se submeter.
Peço mais democracia para esta casa. Sessões da AM marcadas para véspera de dia útil, e que se prolongavam pela madrugada adentro, quando se sabia que os deputados da oposição teriam que ir trabalhar na manhã seguinte, são um reflexo da forma como o Presidente da AM olha para os eleitores representados por estes deputados da minoria.
E como classifica a gestão de Mário Pereira?
Uma desilusão. Há uma acrescida e mal disfarçada colagem às diretivas partidárias, em prejuízo de Alpiarça. A mesma linguagem, os mesmos tiques ideológicos, a mesma má vontade em aceitar outras visões, outras propostas, outras formas de olhar Alpiarça. Por mais do que uma vez se ouviu o presidente argumentar que o povo de Alpiarça lhe deu a maioria e, como tal, é ele que decide. É historicamente assustador. O executivo eleito tem que olhar para o bem-estar de todos, mesmo dos que não o elegeram e que estão representados por vereadores em minoria.
O que fez de bem?
Excelente pergunta, difícil resposta. Talvez tenha sabido ouvir o seu partido, mas não criou valor para o concelho.
E menos bem?
Politizou fortemente a nossa comunidade. “Nós, os bons e honestos, eles os maus, lixo político que aqui veio parar”. Não é a dividir os Alpiarcenses que conseguimos desenvolver Alpiarça. Talvez esse seja o propalado rumo para um sonho da ideologia comunista, mas os tempos são outros, felizmente.
Num campo mais palpável, mais visível, as obras que de repente surgiram quase que do nada, só porque há eleições, seriam anedota se o dinheiro não fosse nosso. A revista “Informação Municipal–Alpiarça”, 4000 exemplares em papel de alta gramagem, merece ser folheada com atenção por todos os Alpiarcenses. Não só porque foi editada com o nosso dinheiro para servir de propaganda eleitoral ao PCP, mas também por ser a prova de que a Câmara Municipal é de facto, quase exclusivamente, uma excelente comissão de festas.
O que faria diferente se fosse presidente da Câmara?
Não me candidato a presidente da câmara, mas no MUDA ALPIARÇA, todos partilhamos os princípios que regem a candidatura.
Que ideias tem para reforçar, ou para consolidar, os poderes da Assembleia Municipal nos próximos quatro anos?
Não há nada para inventar. Ao contrário do que temos vindo a assistir, a AM não pode estar numa atitude subserviente em relação ao presidente da Câmara. Para “Acompanhar e fiscalizar a atividade da Câmara Municipal”, um dos principais deveres da AM, esta tem que ter uma atitude dinâmica e pró-ativa. Para tal, todos os deputados têm direito a exigir à Câmara Municipal o acesso a toda a informação e documentação, para a estudar e para a discutir, no interesse do futuro de Alpiarça. Ou seja, os poderes da AM serão consolidados para servir os deputados municipais na sua atividade fiscalizadora, e não para ser um instrumento de gestão política do executivo como tem acontecido até agora. Como eleito, seja em que funções for, nunca esquecerei os eleitores que elegeram cada um dos deputados, independentemente da sua cor política. Foram eleitos e representam, em pluralidade, todos os Alpiarcenses. Se todos na AM refletirmos sobre isto, e atuarmos com esta perspetiva democrática, teremos uma nova Assembleia Municipal nos próximos 4 anos. Caso contrário, continuaremos a ter uma AM subserviente ao poder político instalado.
Se o MUDA ALPIARÇA não ganhar a AM, vai ocupar o seu lugar enquanto deputado?
Gosto desta pergunta. De facto há candidaturas que revelam uns quantos lugares frios.
No Partido Comunista, já sabemos que vão sempre saltar alguns para os gabinetes de apoio. Mas no PS, também não creio que, tanto a cabeça de lista à Câmara, como o candidato à presidência da AM cheguem a aquecer os seus lugares. Outros interesses pessoais e partidários levantar-se-ão! Quanto à minha pessoa, quero assegurar que estou neste projeto por convicção própria e será um prazer trabalhar para a minha terra.
No seu entender, o que teria o concelho de Alpiarça a ganhar com a eleição do MUDA ALPIARÇA à frente da CMA?
Alpiarça tem tudo por fazer. As nossas propostas têm revelado essas potencialidades. E uma coisa posso prometer: como autarcas, não gastaremos 1 euro do dinheiro dos Alpiarcenses, que não seja para o desenvolvimento de Alpiarça e, consequentemente, para o bem-estar de todos nós. Todos os investimentos, grandes ou pequenos, estarão integrados numa estratégia transversal e farão sentido para todos. Pintar umas ruas de preto, refazer um jardim, pintar umas paredes, só se justificará se algo vier a seguir em consequência desse dinheiro que se gasta. Iremos dar prioridade às empresas da terra antes de contactar qualquer outra fora do concelho e seremos totalmente transparentes na aplicação do erário público.
Tudo no nosso programa tem um impacto real na economia local ou na vida das pessoas. É para mudar as suas vidas que estamos a trabalhar. Alpiarça tem tudo a ganhar e nada a perder com uma mudança de paradigma. Continuar a apostar no mesmo é que já não serve para ninguém. A política é um show-biz onde lobos vestem a pele de cordeiros e pintam-se de honestidade. Quarenta e três anos passados sobre a escura noite da ditadura, somos cada vez mais, olhando aos outros à volta, uma vila parada no tempo, talvez mesmo em retrocesso. É isto que nós propomos mudar. MUDA ALPIARÇA é a alternativa a “mais do mesmo”.
Nos últimos dias falou-se da possibilidade de desistir. Chegou a pensar nisso? É para ir até ao fim?
Foi de facto lançado o boato de que o MUDA-ALPIARÇA ia desistir a favor de outra candidatura. É um boato perfeitamente expectável. Estes boatos refletem desejos que vão aflorando aqui e ali. Primeiro foi a de que não íamos ter suficiente número de aderentes para constituir as listas. Depois sonharam que não tínhamos entregue as listas. Agora sonharam que íamos desistir. Há um denominador comum nestes sonhos ou nestes boatos: “se o Muda Alpiarça não existisse, seria uma preocupação a menos para nós“
Para quem estiver mais atento, estes boatos servem para identificar quem está nervoso. E não vão ficar por aqui, porque o nervosismo vai aumentar, porque vamos até ao fim.