Paulo Sardinheiro é o candidato da Direita à Câmara Municipal. Um filho da terra que promete trazer grandes mudanças ao município. Durante o último mandato foi deputado da Assembleia Municipal pelo movimento “Todos por Alpiarça”.
Como é que surgiu a ideia de se candidatar a Presidente da Câmara?
Não se tratou de uma ideia ou de um ideal que se personifica no cargo de Presidente da Câmara. A minha candidatura é uma consequência de uma vontade e de uma necessidade de mudança do modelo governativo que tem colocado Alpiarça nos últimos lugares dos rankings do desenvolvimento económico, educação e serviço público.
Oficializou a sua candidatura, mas ainda não apresentou um programa eleitoral definido. Que áreas acha que são carentes de uma intervenção profunda por parte da Câmara Municipal?
Todos os sectores de atividade económica e social do concelho estão carentes de apoio. Basta sairmos à rua e falar com algumas pessoas que têm casas abertas, ou com os jovens que procuram emprego ou até com os reformados para percebermos o desânimo e preocupação pelo estado atual de Alpiarça e seu futuro. Há meses atrás voltei a olhar para a análise swot do concelho (análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) que realizamos em 2013 no programa do TPA, e pude facilmente concluir que as oportunidades de melhoria encontradas em 2013 persistem em todas as áreas.
Também ainda não revelou quem faz parte da sua lista. Quer levantar um pouco o véu?
A equipa será revelada no momento certo. É um processo contínuo que irá desenvolver-se até ao dia das eleições, não obstante a lista ter de ser entregue na primeira semana de agosto. Estamos a reunir pessoas com diferentes sensibilidades técnicas e humanas. Pessoas com grande experiência de vida, pessoas com grande paixão pela sua terra, e pessoas com grande valor humano. Têm sido um prazer estes primeiros momentos do movimento MUDA ALPIARÇA.No dia 27 de maio. Neste dia iremos apresentar os nossos candidatos aos órgãos autárquicos e uma parte importante da nossa equipa. Será uma cerimónia importante para o movimento que marcará o início de um trabalho apaixonante pelo desenvolvimento de Alpiarça.
Como pensa gerir o “buraco orçamental” que existe nas contas da Câmara Municipal?
A Câmara tem pessoas fantásticas com grande experiência na gestão administrativa da autarquia e conhecimentos profundos sobre os seus processos. No entanto, o modelo de controlo de gestão interno não está adequado aos modelos de gestão atuais. O ROC tem mantido ano após ano sérias reservas sobre os procedimentos de controlo de gestão, pelo que um dos objetivos que me proponho passa por alterar o modelo de custeio que neste momento assenta numa estrutura funcional voltada para as estruturas internas da autarquia. A alteração que pretendo visa alinhar todas as atividades e procedimentos administrativos na criação de valor público ao munícipe. Não é uma revolução administrativa, mas antes uma reorganização onde cada funcionário irá perceber o seu contributo para o serviço público que a autarquia presta aos seus munícipes. Só assim poderemos trabalhar na otimização dos recursos internos, com importantes poupanças orçamentais. O défice e desequilíbrio orçamental reportado no relatório de contas terá assim uma abordagem interna com a otimização do modelo de controlo de gestão, e uma abordagem externa que passa naturalmente pelo aumento de receitas diretas do município e pelo aumento da atratividade do concelho gerando mais receitas indiretas ( por via dos impostos)
Um dos “cavalos de batalha” da oposição tem sido as águas da albufeira dos patudos. Que medidas tem em vista para a resolução do problema?
Permita-me corrigi-lo. Uma das grandes paixões dos Alpiarcenses, é a sua barragem e toda a área envolvente. Portanto, como Alpiarcenses defendemo-la com toda a veemência. Não obstante a defesa incondicional do presidente da câmara e seus vereadores de que as descargas das Águas do Ribatejo não são prejudiciais, não é razoável, perante a enfermidade ecológica, que estas continuem, e também não posso aceitar que a mancha negra que se estende pela barragem a partir do ponto de descarga não afeta o equilíbrio biológico das águas. A barragem está doente e é preciso cuidar dela. Parar as descargas é fundamental. Uma limpeza do fundo é também importante e sobre isto tive oportunidade de falar recentemente com engenheiros que trabalharam com recursos hídricos e o que me foi transmitido é que há processos próprios para limpezas de represas e barragens como esta. Há, portanto, trabalho que pode ser feito com os recursos que temos, e uma candidatura aos fundos comunitários enquadrar-se-á na sustentabilidade ecológica a longo prazo deste nosso tesouro natural. Mais, não podemos estar eternamente à espera que outras entidades resolvam o nosso problema quando elas próprias têm a sua agenda de prioridades que certamente não se coaduna com a nossa.
Como estão a correr os preparativos de campanha eleitoral?
Muito bem. É um processo demorado, até porque gosto de conversar com as pessoas, saber da sua vida, das suas experiências e sensibilidades sobre o concelho. Todos têm alguma coisa que gostavam de mudar em Alpiarça e é sempre bom enquadrar as suas contribuições no nosso projeto político. Esta é e será também uma campanha muito mais tranquila do que qualquer outra força politica pois não carrega o peso da ameaça de perder as eleições e o conforto inerente aos cargos políticos. Será também muito mais saudável pela ausência do típico clientelismo eleitoral, algo que tem pautado o partido socialista desde sempre. Todos sabemos que a Fundação tem funcionado como instrumento político pela capacidade de empregabilidade, e com os colunáveis socialistas na administração é de esperar muitos sorrisos “cor-de-rosa” para garantir um favorzinho. A nossa força política, não tendo o domínio das instituições, apenas tem para oferecer um projeto de mudança pelo desenvolvimento do concelho, que não sendo algo abstrato, muito pelo contrário, só produzirá frutos depois de implementado e através do qual todos os Alpiarcenses irão colher os seus frutos.
Que ações de campanha podemos esperar por parte dos elementos do MUDA Alpiarça?
As campanhas políticas fazem-se estreitando relações e criando laços de amizade e respeito mútuo. Eu gosto de falar com as pessoas e perceber as suas aspirações. Pelo que esta campanha será demorada, mas enriquecedora e profícua para o projeto que me proponho desenvolver em Alpiarça. Pretendo fazer uma apresentação pública do programa eleitoral onde os Alpiarcenses poderão colocar questões e lançar-nos novos desafios. Repare que há quatro anos atrás, o PCP-PEV apresentou o seu programa eleitoral uma semana antes das eleições, num total desrespeito pelos seus eleitores. Entendo que o PCP tem o seu eleitorado fiel que olha para o partido com a mesma paixão que acompanha o Benfica ou outro clube qualquer. Mas a democracia não deve confundir-se com clubismo e quando preparamos um programa político não o fazemos apenas para o nosso eleitorado, fazemo-lo para todos. A campanha serve então para transmitir o que pretendemos para o concelho e é isso que vamos fazer.
Correram rumores de uma candidatura em coligação com o PS. Não aconteceu por algum motivo, ou isso nunca esteve em cima da mesa?
Houve duas tentativas de entendimento. O convite partiu da comissão política do movimento Todos por Alpiarça, convite que foi enviado por carta registada para a sede do PS em Santarém já que o PS local não tinha sede na altura. Na primeira reunião estiveram presentes os seis elementos da comissão política do TPA e seis elementos da comissão política do PS. Debatemos vários pontos de vista e apesar de não termos chegado a acordo a porta ficou aberta para uma reflexão interna e consulta às instâncias superiores. O nosso entendimento sempre foi claro e transmitimo-lo à candidata e restante comitiva: só uma abordagem conjunta a estas autárquicas será entendida pela população como uma proposta verdadeiramente mobilizadora cativando os abstencionistas que representam mais de 30% dos eleitores, que perante um eleitorado fiel à CDU tornam os processos de mudança muito mais difíceis. Sónia Sanfona não acreditava que tal proposta fosse positiva perante uma população predominantemente de esquerda, apesar disso sentimos que havia grandes possibilidades de ser aceite. No entanto, houve um episódio em Reunião de Câmara que fez recuar todo o processo. Apesar disso, não desistimos e voltámos a solicitar uma reunião, desta vez mais restrita, com a candidata Sónia Sanfona e o presidente da concelhia, João Céu, mas a postura e entendimento do PS mantinha-se inalterado. O PS queria seguir sozinho na corrida, apesar de estar aberto à integração de elementos do PSD/MPT nas listas em lugares elegíveis para câmara. Não me revi na proposta que ainda considero desprovida de integridade. O PSD/MPT através do movimento TPA foi a única força política na oposição que apresentou propostas, que nunca falhou uma única reunião de Câmara, que nunca deixou vazio um lugar na Assembleia Municipal, e que nunca baixou os braços na defesa dos interesses dos Alpiarcenses. Coligações sim, mas de igual para igual, aceitando a candidata como cabeça de lista dessa super-coligação.
Sendo deputado da Assembleia Municipal pelo movimento TPA, como é que explica o clima tenso que houve desde o primeiro momento do mandato com o executivo?
Desde o primeiro momento não, mas de facto a tensão entre o TPA e o executivo tem vindo a acentuar-se ao longo do mandato, com episódios pouco dignificantes. O atual executivo confunde a sua maioria com democracia e desconsidera qualquer intervenção, proposta ou recomendação que seja emanada pelo TPA, no qual intervenho como deputado municipal. O caso atingiu tais proporções que já levaram o presidente da câmara e o vereador a tribunal. Na minha opinião, criou-se um conflito pessoal entre os dois que tem passado uma imagem extremamente negativa. Tenho assistido a algumas reuniões de câmara e, muito sinceramente, é notório um boicote sistemático do presidente ao trabalho do vereador.
Durante a assembleia municipal comemorativa do 25 de Abril, fez duras críticas à renovação do jardim municipal. Não concorda com a intervenção? Porquê?
É com grande mágoa que assisto ao desenvolvimento dos trabalhos do pior erro do presidente Mário Pereira neste mandato. Magoa-me o facto de não nos terem dado oportunidade de contribuir para uma obra que é perpétua para o concelho e que vai contra todos os princípios de desenvolvimento urbano sustentável que defendo. O executivo fechou-se em si próprio e excluiu até a própria população de participar. Eu teria apresentado 3 projetos para discussão pública, baseados em princípios de sustentabilidade ecológica, desenvolvimento económico da zona urbana limítrofe e utilidade pública. 3 perspetivas de um futuro espaço, onde desafiaria a população a pronunciar-se sobre o futuro da sua terra. Podíamos até lançar um concurso universitário desafiando mentes brilhantes a recriar este espaço verde, enquadrado numa estratégia municipal. Vamos deixar de ter um jardim e passar a ter uma praça árida, que segue um modelo soviético-coreano, desproporcional e desajustado às necessidades de população.
Sendo candidato, terá uma visão sobre a sua terra. Como vê o futuro de Alpiarça?
Este concelho atravessa um momento muito difícil. Vejo os mais velhos conformados e os mais novos revoltados com a apatia da região. O país não ajuda, desenvolve-se a duas velocidades, em virtude das assimetrias regionais. A autarquia e instituições sociais são o maior empregador do concelho, e o poder político preocupa-se muito mais em proteger-se para não perder o seu lugar do que ajudar o concelho a desenvolver-se. A democracia não existe para eleger políticos que trabalham para agradar a quem os elegeu, mas sim para eleger pessoas com capacidade de tomar decisões difíceis em prol de todos. Mas a primeira premissa tende a sobrepor-se. Alpiarça precisa de gente capaz de impor mudanças significativas no concelho, começando pela atitude perante as adversidades, passando pela dinâmica e envolvimento dos agentes económicos. Sem uma estratégia para o turismo a restauração continuará sofrível, sem uma aposta concertada no sector Agrícola os meloeiros irão acabar por desaparecer, sem uma dinâmica de apoio e atração empresarial a zona industrial irá continuar a perder empresas. Sem uma aposta séria no desporto, tal como acontece em Almeirim, o nosso clube do coração irá continuar a viver de gloriosas memórias. Se a autarquia não se colocar ao lado da escola como parceiro de suporte e apoiando o desenvolvimento de um programa formativo de futuro continuremos nos últimos lugares do ranking das escolas. A minha visão sobre o futuro de Alpiarça não é negra, mas precisa urgentemente de afastar esta cortina de nevoeiro que ofusca o brilho das novas gerações e repele o investimento na terra. Precisamos de criar condições para que voltemos todos a acreditar que vale a pena investir em Alpiarça. Esta é a minha visão e o programa que me proponho desenvolver irá ao encontro destes objetivos.