Nos últimos tempos temos sido surpreendidos por notícias positivas relativas à taxa de desemprego em Portugal, notícias essas com direito a pouco tempo de antena. Em seguida, e por pura coincidência, a comunicação social aparece com uma forte divulgação de notícias relativas a problemas com os estágios do IEFP, estranhamente numa fase em que esses mesmos estágios estão a ser reestruturados de forma a que a contratação pós estágio aumente.
Em Alpiarça, é um facto que o emprego tem diminuído e que a criação de emprego de longa duração é uma miragem, basta relembrar que, ainda recentemente, perdemos uma fábrica que empregava um número elevado de pessoas e não vemos nenhum empregador interessante entrar no nosso concelho, sendo, desta forma, difícil aumentar o número de vagas de emprego. É também verdade que, cada vez mais, o emprego sazonal necessita de menos pessoas, por via das mais diversas melhorias tecnológicas que substituem a mão de obra humana. Apesar do aumento da contração pública a nível nacional, a CMA terá dificuldades em contratar o número de funcionários que tem neste momento em défice (desengane-se quem acha que o número de funcionários é excedentário), enquanto não resolver o seu problema económico. É um facto que a contração pública tendenciosamente cria emprego de longa duração, e é essa a variante de emprego que mais nos interessa. Basta fazermos o pequeno raciocínio de quantos jovens até 35 anos, nascidos e criados no nosso concelho, têm neste momento um emprego estável que lhes permita constituir família e viver naquela que, para mim, poderia ser a mais bela Vila de Portugal. Mas não há, nem de perto nem de longe, exclusiva culpa por parte da Autarquia neste problema, sendo “apenas” sua culpa o facto de não estar a utilizar o Quadro Comunitário em vigor para procurar investimento externo no nosso concelho e isso não tem perdão, pois mais uma vez nos vamos atrasar e sabe-se lá quando teremos oportunidade de recuperar esse atraso. E não me venham com a desculpa da ideologia, o problema está na falta de conhecimentos e de capacidades latentes, na falta de capacidade para procurar parceiros económicos e para trazer empregadores para o nosso concelho, tal como a falta de capacidade para os manter e apoiar a sua evolução (obviamente não me refiro a apoio monetário). Mas, como disse anteriormente, não é culpa exclusiva da autarquia a falta de emprego em Alpiarça. Não existe, neste momento, por parte dos empregadores, uma responsabilidade em contratar pessoas de Alpiarça, nomeadamente jovens, que poderiam e quereriam certamente evoluir com o seu empregador, ajudando a evoluir Alpiarça, optando por pessoas de outros concelhos sem o mesmo interesse em fazer carreira e vida por cá. Afinal, qual será o futuro de Alpiarça se os seus jovens se estabelecerem numa percentagem enorme fora do concelho, muitas dessas vezes nos grandes centros urbanos? A mim parece-me que Alpiarça está destinada a um envelhecimento incontrolável sem que, quem o possa mudar, faça alguma coisa por isso.
Rodolfo Colhe – PS (Juventude Socialista)