Empresa sediada em Alpiarça doa 15 toneladas de batatas

Um produtor de batata de Almeirim, Alcides Catroga, decidiu oferecer algumas toneladas de batatas a instituições de solidariedade social (IPSS) que estão na zona afetada pelos incêndios. O empresário, que tem a sede da empresa em Alpiarça mas é de Paço dos Negros, depois de ter tido conhecimento da tragédia na freguesia de Cardigos e para ajudar as IPSS locais decidiu fazer esta entrega.

Como é que surgiu esta ideia de doar estas batatas a estas instituições e às vítimas dos incêndios?
A ideia surgiu porque nós temos visto que tem havido muitos incêndios e isso tem deixado muitas pessoas desalojadas e como nós temos conhecimento de um engenheiro que nos faz acompanhamento a uma cultura, ele veio ter connosco para saber se havia a possibilidade, (ele tinha família em Mação) e saber se havia alguma possibilidade de nós efetuarmos uma doação para eles. Nós dissemos tudo bem, não havia problema nenhum, que eles poderiam vir buscar as batatas. Ele comunicou com a Junta de Freguesia. A Junta de freguesia de lá, aceitou e disponibilizou-se a emprestar uma carrinha porque assim veio um membro da Junta de Freguesia e dois habitantes da população. Eles vieram, carregámos cerca de quatro toneladas de batata.

São quantos sacos destes?
São três. Mais ou menos dá quatro toneladas. Quatro toneladas de batatas já dá para muita gente e para muito tempo. Já é uma grande ajuda. Eles até foram generosos e trouxeram-nos uma perna de presunto, é pessoal porreiro.
Então eles vieram, carregaram, saíram daqui contentes. Nós soubemos que eles depois lá acabaram por ensacar as batatas, estão a distribuí-las pelas associações e pelos habitantes. Pelo que sei, está a correr bem. Por acaso eles ligaram-nos, ligaram até foi o meu pai, no início desta semana, e nós dissemos que se quisessem, podiam vir buscar mais uma ou duas cargas, podiam vir que não tinha problema nenhum, era só avisarem-nos para estar aqui alguém.

Isto acontece porquê? Por falta do escoamento das batatas?
Não só. É claro que nós pusemos aqui várias batatas também para dar para a população.
Foram vocês que deixaram as batatas na entrada da zona industrial?
Fomos. Sabemos que muita da população usa isso para depois ensacar as batatas e vendê-las, é um bocado mau porque nós estamos a dar aquilo de boa-fé e era mais fácil para nós chegar ali e eliminá-las do que estar a ir ali, descarregá-las e disponibilizarmo-nos para oferecê-las, mas nós resolvemos fazer assim. Agora estava-me a perguntar se é devido a isso. Não. Se nós zelarmos um bocado uns pelos outros, acho que as coisas correm sempre melhor. Não é pelas batatas estarem a este preço que nós doamos as batatas. Se as batatas estivessem a um preço alto, nós poderíamos doá-las também. Hoje são eles, amanhã podemos ser nós, nunca sabemos. E se nós nos ajudarmos uns aos outros, é sempre mais fácil.

Mas tem tido esse problema de escoamento de batatas?
Temos, claro. Isso este ano tem sido péssimo, aliás, pelo menos eu, que não estou nisto há muitos anos, mas, desde que me lembro, houve um ano mau, há três ou quatro anos, mas este foi muito pior do que o desse ano. Este ano está a ser mesmo terrível, tem corrido tudo mal, há poucos que comem da batata, nós fazemos, se calhar, 70% da produção e é para exportação. Fomos obrigados a ir produzir batatas para Alcácer do Sal devido àquela questão de uma praga, que é o Epitrix.

Tem de ter uma certificação, se for daqui?
Sim, sim. Nós produzimos no ano passado, este ano voltámos a produzir lá a batata, o que é péssimo. Porquê? Porque nessa altura da exportação mexia aqui muito com o nosso distrito e agora fomos obrigados a ir para Alcácer para fazer lá a batata para exportação. Acontece que este ano o ministério da agricultura já voltou a marcar Alcácer do Sal como zona suja. Resumindo, quem quiser fazer batata para exportação ainda tem de ir mais para baixo.

Na questão da doação, vocês também vão dar aqui às instituições da região?
Nós já demos. Eu contactei com algumas instituições, falei com algumas de Almeirim, da Parreira e daqui de Alpiarça e, pelo que sei, não estive sempre a controlar isso, mas ia passando e via as carrinhas, e sei que vieram já cá buscar.

Que quantidade é que vocês têm aqui para exportar, para dar, para vender?
Para vender isto é tudo muito relativo, nós podemos vender ou podemos não vender. Neste momento, nós estamos a voltar a semear batatas para doar, desde que seja para associações que necessitam. E para associações que sabemos que a população necessita delas, temos todo o gosto em doá-la.