Dia Internacional do Animal Abandonado: Alpiarça tem projeto inovador

No sábado, dia 18 de Agosto comemorou-se o Dia Internacional do Animal Abandonado, uma data que lembra o crime de abandono que em Portugal tem uma expressão que, segundo algumas associações de proteção animal, “envergonha a Europa”.

A Ordem dos Médicos Veterinários divulgou, num comunicado dirigido aos órgãos de comunicação social, que no ano de 2017 registou-se um aumento de 22% de animais abandonados, relativamente ao ano anterior. Até ao momento foram recolhidos 14000 animais o que deixa o bastonário da Ordem, Jorge Cid, muito apreensivo relativamente à aplicação da nova lei que põe fim aos abates nos canis municipais como forma de controlo populacional. A introdução pela OMV do cheque-veterinário que apoiou os municípios a cuidar de animais abandonados sem os abater, mas que também foi extensivo aos centros de recolhimento e até famílias carenciadas e a criação de uma rede de prestação de cuidados de saúde primários, nomeadamente vacinas, desparasitação e esterilização, já conseguiu tratar 2.000 animais em 201 centros de atendimento de 12 municípios. Mas não chega.

Recorde-se que a legislação sofreu alterações,pela Lei 8/2017 de 03/03/2017, atribuindo ao animal de estimação um novo estatuto jurídico que os reconhece como seres vivos dotados de sensibilidade e os autonomiza face a pessoas e coisas, conferindo-lhe proteção legal no que se refere ao seu bem-estar, penalizando os infratores.
Como fim dos abates em canis e centros de Recolha determinados pela Lei 27/2016 e do despacho 3283/2018 de 3 de abril, o governo concedeu 500 mil euros para que os municípios pudessem investir em campanhas de esterilização animal. A um mês do início da aplicação desta legislação ainda pouco se investiu. Polémicas, falta de organização e até falta de educação ambiental têm levado as associações e protetores de animais à beira do colapso. Falta espaço, falta consciência ambiental, falta dinheiro e no fim, pagam os mesmos: os animais.

Mas Alpiarça tomou a dianteira. A PRAVI criou um núcleo de apoio em Almeirim e Alpiarça, colmatando a ausência de uma associação que pudesse dar voz aos animais, nestes dois concelhos. Coordenado por Maria do Céu Esteves São Pedro, este núcleo começou a dar os primeiros passos na causa animal. Para já, diz Maria do Céu, é preciso concentrar grandes esforços nas campanhas de esterilização dos animais errantes, abandonados e de famílias com poucos recursos. Campanhas de sensibilização para a proteção animal; divulgação da legislação atual; recolha de animais, identificação e plano de adoção; sensibilização junto dos mais jovens (em todos os níveis de ensino), através de candidatura aos planos de atividade nas escolas; intervenção junto dos mais idosos com terapias que permitem a interação do idoso com um animal, são estas algumas das intervenções que o Núcleo da PRAVI Almeirim/Alpiarça pretende fazer avançar desde já.

Este núcleo tem estado em negociações com a autarquia de Alpiarça no sentido de estabelecer um protocolo de parceria que lhe permita apoiar o canil municipal nas adoções dos animais e, em todo o concelho, no que se refere à recolha, identificação e esterilização dos animais. ” Faz falta um espaço porque recorremos só a nós, voluntárias, e a Fat’s. Tenho esperança que a Câmara de Alpiarça nos possa ceder um”, confessou-nos a coordenadora do Núcleo. Para já precisam de voluntários que queiram abraçar esta causa e de FAT – Famílias de Acolhimento Temporário – famílias que gostem de animais mas que não têm condições monetárias para fazer face às despesas, podem recolher animais até à sua adoção com as despesas do animal suportadas pela associação. “Só precisam mesmo de ter espaço e de tratar bem o animal” – referiu ainda. Até ao momento já recolheram alguns animais de Almeirim, Fazendas. Alguns foram entregues aos donos e outros estão para adoção. Em Alpiarça, já começaram a divulgar os animais do canil municipal e vão estar presentes na Alpiagra em campanha de sensibilização e já com os animais recolhidos e que se encontram para adoção. Os animais para adoção são entregues esterilizados, vacinados e com microchip.