Despedidas na Assembleia Municipal e a resposta ao repto

Foi na passada quinta-feira, dia 30 de setembro, que decorreu no Auditório da Biblioteca Municipal de Alpiarça, a última reunião da Assembleia Municipal deste mandato, já que a próxima dará posse aos eleitos para o próximo quadriénio.

Ainda antes da ordem do dia , o deputado socialista Abel Pedro prestou homenagem aos colegas de bancada que vão abandonar a vida política local: Joaquim Rosa do Céu e Graciete Brito.

Joaquim Rosa do Céu despediu-se da vida política local que iniciou em 1976 referindo-se a este serviço público como ” a conquista mais nobre da revolução de abril porque é um poder próximo da população.” O atual presidente da Fundação José Relvas foi presidente da Câmara Municipal de Alpiarça nos mandatos entre 1997 e 2005 e definiu a sua participação na vida política como uma forma de ” reconhecer à minha terra a formação política num tempo em que Alpiarça era uma escola de tolerância” e lembrando nomes dos que, ainda em tertúlias, consolidavam as bases da democracia no concelho. Com um discurso baseado na tolerância, Joaquim Rosa do Céu foi arauto da conquista do PS. Saudando Sónia Sanfona pela vitória, o antigo professor deixou um aviso aos novos autarcas – “Estas eleições trouxeram um mar de esperança para Alpiarça: tolerância, cidadania. liberdade. Ganhar mais a comunidade e menos a ideologia. Ter perspectiva de futuro. Alpiarça sempre em primeiro lugar.”

Filomena Rubio, outra das deputadas da bancada socialista, também se despediu da política local com um discurso que apelava à atuação dos autarcas no respeito pelos outros.

Graciete Brito, deputada socialista, também se despediu da sua atividade política local. A fechar o ciclo de oito anos na Assembleia Municipal, Graciete Brito começou por fazer um ataque à CDU: a Mário Pereira por dizer que “os programas eleitorais nunca são para cumprir” e a Jerónimo de Sousa por estar a mentir quando referiu, na ação de campanha em Alpiarça, que a CDU de Alpiarça era a única lista com programa eleitoral. Terminou a desejar aos novos autarcas que mantenham Alpiarça uma vila tranquila, respeitando a sua especificidade.

Mário Pereira felicitou Sónia Sanfona, Jorge Costa, todos os eleitos deste mandato e ainda todos os que participaram no ato eleitoral. “Foi uma honra servir os alpiarcenses durante três mandatos” – assim, proferiu o Presidente da Câmara que cessa agora as funções, acrescentando que estes mandatos foram marcados por situações económicas graves – a Troika, o corte nas transferências para as autarquias e a pandemia. Continuou referindo que a sua maior preocupação foi garantir a sustentabilidade financeira do município e preparar o futuro do concelho, tendo dado como exemplo as obras já iniciadas e outras que estão prontas para avançar.

Agradeceu à população a renovação de confiança ao longo dos 12 anos que assumiu a presidência e congratulou-se pela forma como a democracia funciona. De seguida ainda agradeceu ao Partido Comunista, à CDU, aos militantes, aos colegas autarcas, a todos os eleitos que trabalharam consigo, à Comunidade Intermunicipal, à Associação dos Municípios, aos parceiros institucionais, à Junta de Freguesia e à família.

Terminou com a “esperança que Alpiarça consiga mais porque merece mais” – disse.

Armindo Batata, deputado pelo MUDA, direcionou o seu breve discurso para a figura do Presidente da Assembleia Municipal, Fernando Louro, tendo agradecido a forma como “tratou e ultrapassou as divergências” que naturalmente foram surgido nas várias reuniões.

Fernando Louro agradeceu mas , como ainda vai presidir a mais um ato oficial enquanto presidente da Assembleia Municipal, deixa para mais tarde o seu discurso da despedida.

O repto

Joaquim Rosa do Céu, já no final da sessão, lembrou ao presidente da Autarquia o desafio que lhe tinha lançado no ano passado, por altura da discussão das propostas para contratação de empréstimos a Médio e Longo prazo para a concretização de vários investimentos.

Durante a sessão ordinária da Assembleia Municipal que ocorreu a 25 de setembro de 2020, o executivo CDU precisava que fossem aprovados os referidos empréstimos para a execução de várias obras, mas uma das propostas gerou polémica. O alcatroamento de algumas vias, sobretudo o valor de 2400 euros das estradas do Casalinho, levaram os deputados da bancada do PS a pôr em causa a sua execução, além de terem considerado que não tinham sido apresentadas as contas que chegaram aos valores apresentados.

Foi este o desafio proposto nessa altura por Rosa do Céu: “Nós votamos a favor e dou-lhe o meu voto de confiança e o senhor compromete-se a vir aqui a esta assembleia, depois de concluídos os trabalhos e mesmo não estando já na Câmara, de acordo com as datas aqui apresentadas, demonstrar a execução do asfaltamento com várias camadas de desgaste por este valor”.

Mário Pereira respondeu que, não por erro de cálculo mas porque o preço do alcatrão subiu, a obra ficou mais cara.

Já no segundo período destinado a intervenções do público, Sónia Sanfona pediu a palavra para homenagear os seus colegas da bancada socialista que se despedem da vida política ativa, os três deputados que foram seus professores.