Descargas na Vala deixam Câmara à Beira de um Ataque de Nervos

A mais recente descarga foi na semana antes do 10º Festival do Melão. E a Câmara apresentou queixa às autoridades. Mas durante a reunião de Câmara ontem, dia 31 de julho, o vereador Carlos Jorge referiu que já fez recentemente “várias” queixas na GNR.

O problema das descargas na Vala é antigo. Desde há vários anos que esta situação se repete. Noutros tempos as suspeitas caíram sobre algumas fábricas da Zona Industrial. Algumas destas empresas fecharam mas as descargas continuam. Sem se conseguir provas é difícil encontrar culpados. E em Portugal, as multas não são exemplares e muitas vezes são substituídas por admoestações, como foi o caso das descargas da Celtejo no rio Tejo.

Do mesmo problema sofre a Barragem dos Patudos. Mas enquanto a água da Barragem não é de consumo público, embora a gravidade desta situação tenha outro enquadramento, a água da Vala tem fins agrícolas.

Com um investimento de 215 mil euros para a limpeza e requalificação da Vala, trabalhos que estão previstos arrancar em finais de setembro ou durante outubro, segundo adiantou ontem o executivo na reunião de Câmara, a questão levanta-se: e depois? A dificuldade em encontrar enquadramentos para fundos nacionais ou comunitários não garante investimentos que sirvam a periodicidade das limpezas e requalificações.

Com os diques fora do baralho, a autarquia tem negociado com a APA – Agência Portuguesa do Ambiente as resolução do problema da eutrofização da Barragem e da Limpeza da Vala que agora se concretiza.

Falta a Barragem. A situação mais complexa porque num país a viver no limite da seca, com problemas graves de linhas de água e nas reservas que abastecem populações, os concentrados de água com fins de lazer não verão uma luzinha ao fundo do túnel tão cedo. Quem o referiu foi a LPN – Liga para a Proteção da Natureza no passado dia 18 de junho quando procedemos a uma entrevista sobre a situação ambiental da Barragem dos Patudos.

No passado dia 29 de maio, a vereadora Sónia Sanfona durante a reunião de Câmara voltou a lançar um repto para se avançar com um debate local e nacional em torno da Barragem com fim estratégico de colocar a sustentabilidade na ordem do dia e na agenda política nacional.

Uma Câmara com escassos meios financeiros e a braços com a regularização da dívida, não pode ser “esquecida” pelo Estado com o argumento da descentralização. O investimento para resolução do problema da Barragem só pode passar pela consciência nacional. Porque a Barragem é um ponto turístico, é um ponto de valorização económica para o concelho e para o país.