“Dada a difícil situação financeira deixada pelo PS, fomos sempre muito comedidos nos gastos em informação”

Mário Pereira, atual presidente do executivo, é o candidato à liderança da Câmara Municipal de Alpiarça pela CDU.

Como tem corrido a pré-campanha?
A campanha da CDU tem corrido muito bem, junto da nossa população, com grande participação de ativistas, candidatos e apoiantes. Temos sido muito bem recebidos pelas pessoas, com simpatia pelas nossas ideias e candidatos. Realizámos já um vasto conjunto de ações, com destaque para os comícios de 9 de junho e de 27 de julho, que encheram de apoio à candidatura da CDU o largo dos Águias, no centro da vila de Alpiarça.

Acredita que a vitória não lhe escapa desta vez?
Tendo em conta e trabalho desenvolvido e a proximidade estabelecida, é com confiança na vitória que estamos neste projeto. O meu empenhamento, o meu trabalho, o trabalho e o empenhamento dos candidatos e apoiantes da CDU vão exatamente no sentido de chegar aos alpiarcenses, de esclarecer e convencer, tendo como objetivo a vitória nas eleições autárquicas em Alpiarça, na Câmara, na Assembleia Municipal e na Freguesia.

Esta pode ser uma “luta” a dois ou a três?
Julgo que é uma luta eleitoral, democrática, entre candidatos que representam 3 forças políticas, com projetos diferentes para o País e para o concelho de Alpiarça.

O PS liderou a Câmara de Alpiarça entre 1997 e 2009, ano em que Sónia Sanfona perdeu o município para sí. Também é uma disputa pessoal a deste ano?
Eu não entendo a intervenção política apenas como uma qualquer disputa pessoalizada. Prefiro olhar para as ideias, os projetos e a ação de cada um enquadrada num coletivo mais vasto, recusando análises centradas num candidato. É assim que vejo a intervenção política. É assim que na CDU vemos a intervenção política. É claro que os candidatos respondem pessoalmente pelas intenções e propostas, pelas ideias, pela sua história e passado político, e não hesitarei em abordar essas questões no debate político, mas nunca em abordagens que possam atingir a dignidade de outro candidato nem com ataques pessoais.

No caso de vitória, vai ser mais saboroso por ser de novo contra quem ganhou a primeira vez?
Em coerência com a resposta anterior, só posso dizer que será sempre muito saborosa uma vitória eleitoral da CDU em Alpiarça, independentemente das pessoas que são candidatas por outras listas de partidos. Será sempre uma vitória saborosa porque representará o reforço da confiança do povo de Alpiarça na CDU e, assim, permitir-nos-á concluir um processo de recuperação e executar as medidas e políticas de desenvolvimento do concelho que propomos.

O que faria diferente nestes oito anos?
Apostaria muito mais na informação e na divulgação, a toda a população, e por meios mais variados, da ação da Câmara Municipal e do Município. Na discussão interna, no quadro da CDU, essa questão, essa necessidade, surgia com frequência, mas, dada a difícil situação financeira deixada pelo PS fomos sempre muito comedidos nos gastos em informação. Se tivéssemos tido uma outra opção teríamos melhor divulgado ações e iniciativas, tínhamos esclarecido melhor a nossa população, sobretudo perante a mentira e a constante desinformação, perante a desenfreada demagogia e o populismo dos nossos adversários do PS e do PSD/CDS.

Qual ou quais as grandes obras?
Ao contrário do que diz a demagogia barata de alguns, mesmo numa situação muito difícil em que estávamos a pagar nós o que os outros inauguraram, agravada pelos cortes nas transferências aplicados às autarquias, conseguimos fazer obras importantes para o concelho: requalificação global da Casa-Museu dos Patudos, edifício e exteriores e a construção de um novo Auditório, no qual já se realizaram inúmeras atividades, várias de âmbito nacional; a construção do novo Centro Escolar, a Escola Abel Avelino; a construção da nova Praça do Município, obra que só é possível porque a Câmara de Alpiarça teve níveis de execução elevados dos projetos do QREN.

O PS liderou a Câmara de Alpiarça entre 1997 e 2009. A CDU tem dito que a situação deixada foi má. Mesmo passado tanto tempo, ainda se sente isso?
A gestão financeira da anterior gestão PS foi egoísta, e algo irresponsável, não respeitou a sustentabilidade financeira do Município, pôs em causa o investimento no futuro do concelho e limitou grandemente a ação do novo executivo CDU. Quando chegámos em 2009 tínhamos uma dívida que era mais de 2 vezes a média das receitas nos últimos anos, o que colocava a Câmara numa situação de desequilíbrio estrutural. Era, essencialmente, o dobro da dívida que seria o limite máximo razoável. Esta situação, insustentável, foi combatida com um plano de recuperação a 10 anos e que está a ser cumprido, mas, claro, ainda provoca muitos constrangimentos à ação da Câmara Municipal.

Qual a situação financeira da autarquia?
Estamos a seguir um processo de recuperação da saúde financeira, com eficácia, a caminho da sustentabilidade desejável para as contas municipais. Já baixámos quase 5 milhões de euros à dívida deixada pelo PS em 2009, quase 40% de diminuição. Temos como perspetiva atingir a tal situação sustentável durante o próximo ano, 2018, o que, com os projetos já aprovados a co-financiamento comunitário e com a própria revisão do Portugal 2020, cria novas possibilidades de investimento e de concretização de ações e intervenções que se projetem no desenvolvimento futuro do concelho.

Que qualidades vê em Sónia Sanfona? E defeitos?
A candidata do PS tem, naturalmente, como qualquer pessoa, qualidades e defeitos, mas, se me permitem, não me cabe avaliá-los aqui.

E qualidades em Paulo Sardinheiro? E defeitos?
Idem, para o candidato do PSD/CDS.

Recentemente, a Câmara fez uma publicação que por alguns foi classificada de propaganda. Concorda que podia ter sido evitada?
A publicação foi o Boletim Municipal, que muitos municípios distribuem todos os meses, mas que nós em Alpiarça, por limitações financeiras, distribuímos 3 ou 4 vezes no mandato. Não é propaganda. É uma obrigação do Município levar essa informação aos munícipes. Isso só demonstra a falta de ideias e a política comezinha e demagógica dos nossos adversários políticos. Então, nos municípios geridos pelo PS e PSD não é propaganda fazerem 40 boletins municipais no mandato, mas em Alpiarça já é se fizermos 4.

Em 2009, Sónia Sanfona ocupou o lugar de vereadora durante cerca de um mês, até à nomeação como governadora civil, regressando em outubro de 2011 ao executivo, na sequência da extinção do cargo. Como recorda o seu trabalho na altura?
Julgo ter exercido o cargo de vereadora com correção, defendendo os seus pontos de vista e a posição do seu partido, tendo nós todos, enquanto executivo municipal, podido discutir, concordar e discordar, mantendo o respeito uns pelos outros, democraticamente.

Quais as propostas do CDU para o próximo mandato?
Na sequência da política de recuperação financeira que seguimos, estamos em condições de concluir a obra de Revitalização e Ampliação do Jardim Municipal, bem como de várias outras obras no âmbito da regeneração urbana do concelho de Alpiarça, como o caso da Recuperação do Mercado Municipal, cuja candidatura já foi aprovada no programa operacional regional e irá arrancar em breve. Temos também a intenção de avançar com a candidatura para a recuperação do edifício da Câmara Velha, neste mesmo âmbito. Temos já o acordo com o Ministério da Educação para a Requalificação global da Escola EB2,3/Secundária de José Relvas. Temos candidaturas em andamento no âmbito da CIMLT para a reconversão da iluminação pública, do aproveitamento turístico do concelho e da promoção do sucesso educativo. Temos ainda, na contratualização dos fundos comunitários, previsto um grande investimento na construção de uma Unidade de Cuidados Continuados no concelho de Alpiarça, respondendo a uma necessidade da nossa população e da região e promovendo a criação de emprego qualificado. Iremos também apostar na melhoria da resposta no que respeita à limpeza e higiene pública, na recuperação da Albufeira dos Patudos e da Vala, na requalificação da rede viária municipal, rural e urbana, e na ampliação da Zona Industrial de Alpiarça, de forma a captar investimento e postos de trabalho. Vamos ter um programa conciso, realista e exequível, sustentável, que responda aos principais problemas e promova o desenvolvimento do concelho. Continuaremos uma política de impostos municipais dos mais baixos de toda a região e a aposta no apoio à educação e ao movimento associativo desportivo, cultural e social.

Se não ganhar, vai tomar posse?
Estou completamente apostado em continuar a contribuir para o meu concelho no exercício do cargo de Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça, cumprindo este segundo mandato e, em paralelo, apostado em fazer uma campanha de esclarecimento e de convencimento dos alpiarcenses que conduza a mais uma vitória eleitoral no próximo dia 1 de outubro.

Porque é que Sónia Sanfona disse em julho que “O que a CDU quer é desviar as atenções dos alpiarcenses”?
Não sei porquê. O que sei é que a CDU fez e fará sempre uma política séria, olhos nos olhos com os alpiarcenses, procurando informar, esclarecer, explicar as medidas e opções que toma. Ao contrário do PS de Alpiarça, nós na CDU não estamos nas mãos de nenhuma família, de nenhuma agremiação mais ou menos secreta, de nenhum grupo de interesses, nem temos negociatas menos claras com terrenos , por exemplo. Nem apoiamos governos que privilegiam os grandes interesses e atacam a generalidade do povo e dos trabalhadores portugueses, como tem sido prática com o PS, com o PSD e CDS. Não precisamos de desviar as atenções de nada. Pelo contrário, procuramos consciencializar as pessoas e mobilizá-las para a defesa dos seus direitos e interesses legítimos. Estamos na política, na vida autárquica, para servir os nossos conterrâneos, para servir a nossa terra, resolver os problemas que pudermos e promover o desenvolvimento. Estou certo que os alpiarcenses sabem bem quem é que é mestre em procurar desviar atenções de políticas contrárias aos interesses municipais e nacionais.

Porque devem os alpiarcenses votar em si no dia 1?
Nestes últimos anos temos superado uma missão extremamente difícil que é a de fazer o que é importante para os alpiarcenses enquanto estamos a pagar as obras que o PS fez e não pagou. Tem sido muito difícil porque os quase 5 milhões que fomos obrigados a pagar da dívida deixada pelo PS teriam sido muito bem empregues pela CDU em favor do progresso do concelho. Mesmo assim fizemos obras importantes, baixámos impostos, como o IMI à taxa mínima, não aumentámos taxas ou tarifas e aumentámos, isso sim, o apoio ao movimento associativo, aos mais desfavorecidos, aos estudantes do concelho. Eu, como Presidente da Câmara e a minha equipa da CDU conduzimos o Município de Alpiarça a caminho da sustentabilidade e da recuperação, temos visto aprovadas candidaturas que se traduzirão em concretização de projec«tos para o futuro, e outros estamos a preparar. Somos gente séria e próxima dos nossos munícipes, somos gente que gosta de Alpiarça e dela têm sempre orgulho. Temos na base da nossa ação o melhor projeto autárquico, o projeto da CDU. Estamos na vida política para servir e não para ser servidos, como já demonstrámos a todos nos últimos anos. Temos ideias e capacidade para promover o desenvolvimento do concelho de Alpiarça. Por fim, em oito anos de mandato, ninguém tem a mínima razão que possa pôr em causa a minha seriedade e a dos outros membros do executivo CDU. Julgo serem razões suficientes para os alpiarcenses reforçarem a confiança nestas pessoas, num projeto autárquico e num rumo para o futuro no dia 1 de outubro, votando na CDU.