O lixo, entendido como resíduos sólidos urbanos ou RSU, são um problema da humanidade e uma dor de cabeça para qualquer autarquia. Alpiarça não foge à regra. Para um cidadão comum pouco importa qual a solução ideal, o importante é que o lixo pare de acumular à sua porta. Mas para quem assume responsabilidades autárquicas há um desafio maior que vai para além do vazamento e limpeza dos contentores. Há 3 abordagens possíveis ao problema que partilho aqui, neste artigo de opinião: A mais fácil, e de melhores e imediatos resultados eleitorais, consiste em “atirar com dinheiro” para cima do problema: mais viaturas de recolha, mais pessoal, mais horas extras, etc. etc. etc.. O lixo desaparece afogado em dinheiro, e tem inúmeras vantagens políticas, a começar pela inauguração dos equipamentos, que propicia belas fotografias, reportagens na imprensa, benzeduras, presença das forças vivas da terra, banda, foguetório, febras, vinho e pão. O clássico e habitual “Panem et circenses”. E tudo será pago pelos contribuintes, sem nada ficar definitivamente resolvido. Afinal, é para isso que pagamos impostos. A segunda, é atirar com o lixo para cima de quem não dá o dinheiro para a primeira solução. Contentores sujos, velhos, a transbordar e mal cheirosos. A culpa? Boma culpa é do governo central, especialmente do anterior, que lançou cortes desumanos ao poder local, impedindo-o de realizar certos serviços básicos das populações. É uma fraca desculpa, a desculpa do Calimero, que se refugia na sua própria incapacidade de criar soluções. A terceira, a mais barata e mais eficaz a longo prazo, é a que exige mais trabalho e nem sequer tem reflexos positivos numas próximas eleições, pelo que é imediatamente posta de lado por quem corre o risco de levar um puxão de orelhas na noite das eleições. É sobre ela que vou partilhar convosco algumas ideias. Primeiro passo: Avaliar qualitativamente e quantitativamente os resíduos colocados nos pontos de recolha. Que tipo de lixo encontramos e em que quantidades? Segundo passo: Na posse dos resultados, trabalharemos para implementar as medidas oportunas para reduzir e melhorar os parâmetros avaliados no primeiro passo, ou seja, separar lixo orgânico do lixo inorgânico e reciclável. Os miúdos aprendem isto na escola e podem dar uma grande ajuda aos pais e avós. Terceiro passo: Desenvolver uma consistente campanha de esclarecimento junto da população, demonstrando os benefícios da separação do lixo, criando um projeto piloto de compostores orgânicos e desenvolver essa campanha de esclarecimento a partir da experiência na sua utilização. Estas iniciativas funcionam e já foram estudadas e testadas por essa Europa fora. Objectivo: reduzir a quantidade de lixo orgânico colocado nos contentores, aumentar a reciclagem e otimizar os recursos que a autarquia possui para a recolha de lixo. Entendo que esta seja uma abordagem que dê muito mais trabalho e a falta de espetacularidade eleitoralista poderá fazê-la ficar na gaveta, mas serão estas pequenas mudanças que farão Alpiarça mudar para uma terra mais agradável de viver e ecologicamente sustentável.
Armindo Batata – MUDA Alpiarça