Os CTT garantem que já não vão iniciar mais processos de encerramento de estações dos correios em 2018 porque, e segundo declarações de uma fonte oficial da empresa ao Jornal Económico, “a reorganização da rede de retalho era um projeto para levar a cabo em 2018, pelo que em 2019 não existirão novas situações de substituição de lojas CTT”. Quer isto dizer que, se alguma estação encerrar durante este ano é porque o processo teria sido iniciado em 2018.
A Anacom -Autoridade Nacional das Comunicações- prevê que aos 33 concelhos que ficaram sem estações de correios até ao final de 2018, somar-se-ão mais 15 até ao fim de 2019, num total de 48 concelhos sem estações, ou seja, 411 mil portugueses com acesso a lojas ou pontos CTT ficam com menos serviços prestados do que os portugueses servidos por estações. Mas mesmo assim, a empresa considera que cumpre com o determinado por contrato ao manter um Ponto CTT em todos os concelhos do país. Note-se que em 2018 os CTT têm 2383 Pontos em todo o país, contra os 2317 em ano anterior.
Este encerramento de estações deve-se a um processo de reestruturação da empresa que levou já à saída de 360 funcionários, através de rescisões por mútuo acordo, tendo simultaneamente a empresa vindo a contratar trabalhadores que foram integrados nos quadros da empresa.
O ano de 2018 começou de forma negra em Alpiarça: em fevereiro, a estação dos CTT foi encerrada abruptamente, apesar das negociações em curso da Autarquia com a empresa e com a Administração Central, das muitas manifestações, em Alpiarça e em Lisboa, da população do concelho e das moções contra este encerramento aprovadas em reuniões de Câmara e da Assembleia Municipal.
A nível nacional, os municípios protestam, apresentam providências cautelares – ainda no início deste ano, a Comunidade Intermunicipal do Douro apresentou uma providência cautelar, a Associação de Municípios Terras do Infante apresentou um pedido contra 3 encerramentos e seguir-se-á o município de Lagoa. Junta-se assim o Algarve ao grande crítico desta estratégia de encerramentos, o Porto, o município que tem pressionado o governo para a reversão da privatização dos CTT. A guerra vai continuar mas no plano político com os socialistas (recentemente foi o PS Guarda) cada vez mais perto das vozes do PCP e BE nesta matéria.
Mas este ano vai ser decisivo. Dizem os analistas que o ano de eleições legislativas e o fim do contrato de concessão de serviço público, vai obrigar o governo a decidir se renova o atual contrato ou abre um concurso.
Em várias ocasiões Mário Pereira, presidente da Câmara Municipal de Alpiarça, já referiu que esta luta contra o encerramento das estações dos CTT é para continuar e que é preciso reverter a privatização de um serviço público essencial para a população e para o desenvolvimento económico das regiões do interior.