Bombeiros Municipais de Alpiarça: 73 anos a salvar vidas

Há 73 anos ao serviço da comunidade, os Bombeiros Municipais de Alpiarça são uma instituição que prestigia o concelho com provas dadas no exercício das suas atividades de apoio, não só à população de Alpiarça, como ao país e até para lá das suas fronteiras.

O Alpiarcense não podia deixar de prestar esta homenagem à coragem e à disponibilidade destes homens e mulheres cujo dia-a-dia é feito a colocar vidas de desconhecidos como sua prioridade.

No dia 6 de março, data do seu aniversário, fomos até ao Quartel e estivemos à conversa com o Comando dos Bombeiros Municipais de Alpiarça.

Se de outras vidas falamos, as primeiras palavras do seu Comando foram para homenagear, com sentido de dever cumprido, todos os bombeiros que estão em funções e todos os que por aquela corporação já passaram. “ Nós somos hoje o resultado da nossa história” – disse o 2° Comandante, Fábio Dias , expressando o mesmo sentimento de orgulho do seu Comandante, Hugo Teodoro, ao Comando destes homens e mulheres nos bons e maus momentos. Evocam o nome do primeiro comandante Dr. Pinto de Meneses e a personalidade do Comandante Batata, que dá nome ao Quartel, figura reconhecida no país, pelo trabalho que desenvolveu em prol dos bombeiros e pioneiro em muitas ações na Liga dos Bombeiros, no Comando Operacional.  

O período da pandemia foi um desses maus momentos que pôs à prova a estrutura do Comando em tempos de muitas dificuldades, chegando mesmo a travar alguns projetos, entre eles, a formação. Por outro lado, o Comando aproveitou uma certa estagnação para planear, gerir os recursos humanos e para se articular com o novo executivo, sendo um trabalho cujo objetivo máximo  é servir a população.

Com 33 operacionais, entre profissionais sapadores – 16 efetivos, 2 elementos de comandos e os restantes sendo voluntários, tem-se conseguido agilizar as escalas, tendo, por exemplo, aos fins-de -semana, garantido duas ambulâncias de emergência e um veículo de combate a Incêndio Urbano e outro de desencarceramento, se necessário. Consciente do esforço financeiro da autarquia, o Comando refere que é o mínimo necessário para o apoio à população. Um esforço de todos mas é justo reconhecer que nas contas finais não há intervenção de outras corporações no concelho, nem muito tempo de espera entre o pedido de ajuda e a resposta. O esforço compensa sempre porque falamos de vidas. E estas não têm preço. Cerca de 95% das chamadas no período de inverno e 90% das chamadas no verão são de emergência médica ou doença súbita e o socorro imediato faz a diferença. Mas outras vertentes estão também a ser treinadas, não com a regularidade planeada durante a pandemia, mas houve formação e entraram dois novos bombeiros sapadores para o quadro profissional e 2 ou 3 estagiários para o quadro de bombeiro voluntário e a nomeação de outro como voluntário. Refere o Comando que nunca chega e gostariam de mais operacionais mas já se consegue motivação e muito se faz para se minimizar os riscos e o sofrimento. “Estamos no bom caminho” – salientou o Comando – “já o tínhamos dito quando fizemos as entregas de medalhas há uns anos e o mesmo vamos dizer quando fizermos a entrega das medalhas por ocasião do nosso 75º aniversário porque aqui nunca baixamos os braços”.

O Comando considera que, ao longo dos tempos, a autarquia tem ajudado a dignificar esta instituição, contudo, seria bem-vinda uma ajuda, em termos legislativos, que permitisse um equilíbrio maior entre bombeiros profissionais e voluntários bem como o acesso a outros financiamentos, tão úteis quando se fala em veículos, e que diminuísse a diferença entre corporações de municípios economicamente díspares. 

Recebe a Corporação doações de missões que realizam no estrangeiros, como foi o caso recente das cheias em Moçambique provocadas pelo ciclone Idaí, em 2019, país onde já tiveram intervenções por várias vezes, mas, de Alpiarça, também já partiram em missão bombeiros para Timor Leste. “Estamos quase sempre na linha da frente. E não estamos mais porque, por vezes, faltam recursos humanos e meios para ir mais além. Mas fazemos um esforço, nós bombeiros e a entidade detentora para estarmos sempre onde for preciso, e deixe-me salientar o trabalho da nossa equipa de salvamento aquático” – acrescentou o comando. 

Em tempos de guerra, e sempre dispostos a ajudar, os Bombeiros Municipais de Alpiarça integram agora uma rede de apoio aos refugiados da guerra da Ucrânia. “ Nunca se está preparado para o drama de uma guerra. Temos de nos adaptar e tomar decisões. Temos, sobretudo, de nos pôr no lugar do outro. Alpiarça sabe acolher. Temos de ser solidários, saber acolher, integrar e ajudar a minimizar o trauma de quem tudo perdeu. Mas Alpiarça sabe.”