Paulo Sardinheiro é um amante das artes marciais mas opta pelo pacifismo, e a sua “forma de estar” contrasta com as acesas discussões entre partidos durante as Assembleias Municipais. Nesta entrevista, o deputado do TPA discute o mérito da GNR e tece duras críticas à gestão da CDU, que considera estar a atrasar o desenvolvimento do município.
Viveu durante muitos anos no sul de Portugal. O que o fez regressar às origens, isto é, a Alpiarça?
A família. Quais são os hobbies de Paulo Sardinheiro? Nunca tive muito jeito para o futebol, e nos anos oitenta Bruce Lee e os Jovens Heróis de Shaolin faziam as delícias de qualquer jovem como eu. Comecei a praticar Karaté no Águias e desde que saí de Alpiarça já pratiquei quatro artes marciais diferentes.
O que o fez ingressar no mundo da política?
Estando de volta a Alpiarça, sendo a minha terra, achei que através da política podia contribuir para o seu desenvolvimento. Viver outras realidades aporta sempre mais-valias. De forma totalmente desinteressada aceitei, em 2009, um convite para integrar a lista candidatada à Assembleia Municipal. Participar na ação política defendendo a transparência e os interesses dos Alpiarcenses é para mim um grande privilégio.
É um apaixonado pelas artes marciais. Apetece-lhe desferir golpes de karaté nas Assembleias Municipais?
Apetece-me muitas vezes meditar. Quando meditamos, a mente abstrai-se e sai do espaço físico “ruinoso” onde se encontra. Há sessões na Assembleia Municipal que nem parecem deste tempo. Muitas das nossas questões são percecionadas como ataques pessoais ao bom nome do executivo. A sua superioridade moral acima de qualquer suspeita não se coaduna com pontos de vista diferentes nem com chamadas de atenção. As respostas têm sempre um cunho político muito vincado e desconcertante para quem tem uma visão progressista do mundo, mesmo à nossa escala local. Não é fácil assistir à atuação de uma maioria que coloca o Partido em primeiro POLÍTICA lugar. Daí que, muitas vezes, meditar pareça ser o melhor remédio.
A proposta do voto de louvor à GNR já tinha sido levada anteriormente à Assembleia Municipal, onde foi chumbada, em novembro de 2015. O que motivou o TPA a fazer a mesma proposta um ano depois?
A GNR tem feito um trabalho exemplar. Tenho comentado com algumas pessoas as várias operações da GNR ao longo do último ano e a opinião é unânime – nunca houve uma sensação tão grande de segurança como nestes últimos anos. O INE comprova-o com dados estatísticos. É sempre mais fácil criticar do que elogiar o trabalho dos outros. Mas no TPA temos uma cultura diferente. Gostamos de intervir na comunidade, incentivando, elogiando e agradecendo o bom trabalho. Um ano depois, e atendendo ao facto de que alguns militares da GNR iriam ser recolocados, sentimo-nos na obrigação de agradecer, em nome dos alpiarcenses, mais uma vez, a sua dedicação, empenho e trabalho realizado em prol desta comunidade, através do voto de louvor. Não entendo e repúdio a posição do Partido Comunista sobre o louvor à GNR. É como se virassem as costas a Alpiarça e aos seus Munícipes.
Como encarou a atitude do Presidente da Assembleia Municipal face ao voto de louvor?
Foi uma atitude muito baixa, antidemocrática e ilegal. Esta atitude revelou não só a classe de pessoas que temos à frente da autarquia mas também provou que é o Partido Comunista Português que manda neste executivo. Tornou-se evidente que há um grupo de pessoas, que não sei quem são, que colocam os interesses partidários acima dos reais interesses dos alpiarcenses. Este executivo não governa, é governado e comandado à distância como peões no tabuleiro de xadrez.
O TPA mostrou, na Assembleia Municipal de 30 de setembro, pouca abertura a uma proposta de voto de louvor à GNR apresentada pelas três forças políticas de Alpiarça. Mantêm esta posição?
Está equivocada. O TPA não tem nem nunca teve qualquer reserva sobre propostas conjuntas. Eu próprio fiz essa sugestão na última Assembleia percebendo o embaraço que a nossa proposta de louvor causou no executivo. Não seria a primeira vez e não será a última, também. A minha proposta não foi acolhida e, unilateralmente, o presidente da mesa com o apoio do Presidente da Câmara, Vereadores e bancada do Partido Comunista retirou a proposta, votando apenas as propostas apresentadas pelo PCP que também elas poderiam ser votadas conjuntamente. Esta decisão, antidemocrática e ilegal foi de tal forma injuriosa aos valores democráticos do 25 de Abril e da Liberdade, algo tão apregoado por este partido que, a mais ilustre, acarinhada e reconhecida deputada municipal, Gabriela Pinhão, pediu publicamente a demissão do cargo. Ato que lamento, compreendo e com o qual sou solidário, pois também fiquei com vontade de o fazer.
Acha que as notícias recentes da insolvência de Francisco Cunha vão afetar de alguma forma a credibilidade do movimento independente TPA?
As notícias sobre o processo de insolvência de Francisco Cunha afetam essencialmente o Francisco, como pessoa. O Movimento não se esgota no Francisco Cunha, aliás o Movimento começa precisamente no seu Fundador e difunde a sua energia, ideias, valores e vontade de Mudar Alpiarça pelas pessoas que o compõem. O Movimento está bem e a preparar o próximo ano político, que se me afigura ser vital para este concelho dado o retrocesso acelerado em que Alpiarça mergulhou nos últimos sete anos.
Esta mesma questão poderá ditar uma alteração no candidato que o TPA vai apresentar às eleições autárquicas de 2017. A seu ver, quem seria um bom substituto do atual líder do movimento TPA?
O candidato do TPA, até à data, é o Francisco Cunha. Tenho-o como uma pessoa pragmática, racional e perfeitamente capaz de fazer esse julgamento. Estamos todos neste projeto para mudar Alpiarça e ajudar os Alpiarcenses a viver melhor. O Partido Comunista teve a sua oportunidade em quase uma década de governação. Não podemos esperar mais quatro anos para ver o que acontece. O TPA é um grupo de pessoas livres e despreocupadas com carreiras políticas. Esta condição, por si só, torna qualquer elemento do TPA um excelente candidato pois colocará Alpiarça sempre em primeiro lugar.
Se estivéssemos num programa de rádio e eu lhe concedesse um minuto de antena, o que diria aos nossos leitores?
Um minuto é muito pouco, mas no essencial diria que tenho plena convicção de que Alpiarça é uma terra com um futuro brilhante, a vários níveis. Desde 2009 que acompanho o trabalho deste executivo na Assembleia Municipal num “confronto” direto sobre diversas posições políticas e operacionais, o que me permite julgar a sua capacidade com conhecimento de causa. Em reunião de Câmara apresentámos ao longo destes últimos anos várias propostas que, aos poucos, contribuiriam para uma terra mais dinâmica, mais moderna, mais atrativa. Ficaram todas na gaveta. Nem foram colocadas à discussão. Temos história, temos cultura, temos recursos naturais, paisagísticos e infraestruturas. Temos um parque industrial, temos empresários, temos mão-de-obra qualificada, temos espaço para crescer, e temos capacidade para atrair investimento em diferentes áreas. Faço, por isso, uma pergunta aos leitores: face ao estado atual e com tantos recursos disponíveis não seria possível fazer mais por Alpiarça e pelos Alpiarcenses? Eu tenho a certeza que sim. Mas o Presidente da Câmara há sete anos que se refugia na conjuntura atual, na falta de dinheiro e no facto de os outros concelhos terem iguais dificuldades. É pura retórica de quem não tem soluções para apresentar. O executivo tem uma lista de prioridades políticas que se sobrepõe às necessidades do concelho. E os resultados destas prioridades estão à vista. Eu acredito que é possível fazer mais. 2017, ano de eleições autárquicas, será um ponto de viragem fundamental para o futuro de Alpiarça. Assim os Alpiarcenses o ambicionem e acreditem q