Albufeira dos Patudos – Modestos subsídios para uma solução.

A albufeira dos Patudos há muito (demasiado) tempo que vem sendo utilizada como arma de arremesso político. Dependendo de quem governa o Município, atacam hoje uns e amanhã outros. Qualquer deles acusa o anterior e, em vez de soluções definitivas, arranjam umas panaceias temporárias, para aguentar até ás próximas eleições.

Não pretendemos, milagrosamente descobrir, do nada, a solução. Não são mentes iluminadas que resolvem os problemas, que algumas vezes, nem sabem quais são. As pseudo-soluções assentes em “acho que”, ou “parece-me que” ou “quanto a mim”, são sintomas de mediocridade. Profissionalmente, aprendi que é com trabalho, com empenho e ouvindo o maior numero possível de opiniões, que se ultrapassam os problemas.

Os factos:

-A albufeira era, quando a barragem foi construída, recarregada pela ribeira que descia desde os lados do Vale da Cigana. Hoje, nem a ribeira existe, nem a sua bacia hidrográfica: os campos ao seu redor estão todos cultivados tendo a ribeira (mais propriamente, a linha de água) sido eliminada em grandes troços, pela necessidade de mecanização das práticas de cultivo.

– A albufeira dos Patudos tem uma capacidade de 326 000 metros cúbicos ao nível de pleno armazenamento;

– Tem 10 hectares de área, no nível de pleno armazenamento;

– A evaporação superficial anual estimada, admitindo que a área da superfície se mantém constante em função da profundidade (um erro), é de 75 000 m3 /ano (Rodrigues, Carlos Manuel Miranda, Universidade de Évora – 2009); esta evaporação será compensada pela chuva, se a precipitação total anual for, no mínimo, de 750 mm.

– Para a evaporação anual do repuxo, sendo significativa, não encontrei informação para o seu cálculo/estima. Também não foi considerada a perda pelas infiltrações;

– Durante o ano de 2017, considerando que o nível da albufeira, nos meses de Março/Abril, estava cerca de 1,5 m abaixo do nível a que se encontra actualmente, i.e. 150 000 m3 abaixo da capacidade actual, estimamos que foram injectados na barragem 200 000 m3 de água.

A captação subterrânea que, para o efeito, está a ser utilizada, está legalizada desde Outubro. Até essa data estava a ser utilizada clandestinamente e, confesso, estava bastante preocupado com os efeitos dessa captação nos recursos aquíferos utilizados na agricultura. De facto, durante o verão, surgiram rumores de um considerável abaixamento dos níveis hidrodinâmicos das captações utilizadas para rega dos campos.

A legalização pelos serviços da Agência Portuguesa do Ambiente, dá-nos agora, a certeza de não ter efeitos perniciosos nas captações para uso agrícola.

Por isso, e na falta de informação que já solicitámos, assumimos que está a ser utilizado o aquífero de grande profundidade a 200 m ?

A confirmarem-se os 200 metros de nível hidrodinâmico da captação, a bomba será de múltiplos andares, com uma pressão de bombagem de mais de 2 Mpa.

Como mero exemplo, tão só para dar uma ideia dos consumos, recolhemos do catálogo de uma bomba:
Hmax. = 219 m (poderá ser insuficiente para os 200 m);
Pot. = 37 KW;
Caudal = 31,3 m3/h;

Com estes parâmetros, a energia estimada, para encher a albufeira com 200.000 m3 seria de 230.000KWh.

Aos custos em energia, deverá somar-se o custo do tratamento microbiológico, que rondará os 10.000
euros por ano.

Esperemos que chova, que o furo se aguente, que o nível hidrodinâmico do furo não seja os 200 metros, mas muito menos, e que o grupo de bombagem instalado tenha uma longa vida.

Entretanto, uma achega, para um eventual estudo, a pensar no futuro e no bolso dos contribuintes: se a altura fosse de 10 m, para o mesmo caudal, o consumo anual para os 200.000 m3 seria inferior a 20.000 KWh. Um décimo do que se estará, eventualmente, a gastar.

E a Vala ali tão perto

Armindo Batata
Muda Alpiarça (PSD/CDS/MPT)