A extravagância da arte de Daniel Neves na exposição “MITO”

Daniel Neves é um artista nato, cujas influências vão desde Fernando Pessoa e Gaudi à controversa artista pop, Lady Gaga, portanto, não é de admirar que a sua arte tenha tanto de ‘louco e extravagante’ como de ‘chocante’. A surpreendente exposição ‘Mito’ está em exibição no Museu dos Patudos até 23 de Outubro.

Quando descobriu o gosto pelo desenho?
Quando ainda era bebé, a minha mãe colocou um lápis na minha mão e comecei instantaneamente a fazer riscos. Julgo que foi aqui que começou o meu gosto pelo desenho. Sempre me lembro de desenhar e fazia-o em tudo o que era sítio. Desenhava nas toalhas de papel dos restaurantes, na terra, nas paredes da minha casa, em bocados de madeira e papel, e também fazia desenhos decorativos para as quadras de Natal passadas em casa dos meus avós. A partir dos meus doze/treze anos passei, também, a interessar-me por moda, design e arquitetura. Sempre tive uma visão estética apurada e também gostava de decoração. O meu quarto teve várias decorações com desenhos, pinturas e recortes de revistas.

Fale-nos do seu percurso académico nesta área.
O meu percurso académico na área do desenho começou no secundário, na Escola Marquesa de Alorna, em Almeirim, com o curso tecnológico de artes e ofícios. De seguida, rumei a Londres e fiz formação em “Fashion Illustration”, no Cavendish College. Fiz formação em “Ilustração de Moda”, no Civec (Centro de Formação Profissional da Indústria de Vestuário e Confeção), atual Modatex, em Lisboa. Frequentei o curso de “Design de Moda”, na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa. Também fiz formação em “Fashion Styling”, na Creative Academy, em Lisboa.

Sei que a moda é outra das suas paixões. Quando teremos oportunidade de ver um desfile assinado por si?
A moda é mesmo a maior das minhas paixões. Desde a adolescência que me interesso por este mundo tão fascinante e arrebatador. A casa Christian Dior, em Paris, é uma referência para mim. O calendário oficial da semana da Moda da cidade luz é algo que tenho vindo a acompanhar atentamente. Quem escolhe ser criador de moda, escolhe construir um percurso de exceção e ser uma revelação. Gostaria de ter a oportunidade de ver um desfile assinado por mim. Neste momento, estou em busca de inspiração e só cidades como Londres e Paris me podem oferecer essa mesma inspiração. A minha passagem por Londres permitiu-me ganhar outra perspetiva da vida. Acho que a moda tem que causar impacto e surpreender. Na minha opinião, as tendências para a moda masculina estão pouco desenvolvidas.

Onde foi buscar a inspiração para a conceção da arte que podemos encontrar na sua exposição “Mito”?
Fernando Pessoa serviu, em parte, de inspiração para esta exposição chamada “Mito”. O mito é mesmo o nada que é tudo. Assim, no fundo, a realidade e a ficção estão em constante relacionamento. Pretendi desenvolver a ideia de amor, fama e poder. Todas as figuras que desenhei são, no fundo, megastars e são marcadas pelo sucesso e ambição. Todo o A extravagância da arte de Daniel Neves na exposição “MITO” conjunto do trabalho apresentado reflete um universo transcendental e missionário. Decidi transpor para o papel um mundo de ilusão. Este mundo é, cada vez mais, um lugar repleto de criatividade e inovação, colocando a arte num patamar superior. Acredito no futuro da moda, em particular, e da arte, em geral. Voltando à minha exposição, inspirei-me nas formas orgânicas de Lady Gaga e Salvador Dali. O surrealismo de Dali diz-me imenso. É um estilo verdadeiramente surpreendente e brutal. A Lady Gaga é o futuro da moda e também da música. Ela apresenta um estilo diferenciador e especial, que me cativou, para definir a minha exibição.

Para além da inspiração nos grandes fenómenos da música pop, há outros artistas que sejam influentes na sua forma de expressão artística?
Sou, muitas vezes, inspirado pelos grandes nomes da música pop, como por exemplo, Madonna, Lady Gaga, Robbie Williams e Lenny Kravitz. ESPECIAL Daniel Neves é um artista nato, cujas influências vão desde Fernando Pessoa e Gaudi à controversa artista pop, Lady Gaga, portanto, não é de admirar que a sua arte tenha tanto de ‘louco e extravagante’ como de ‘chocante’. A surpreendente exposição ‘Mito’ está em exibição no Museu dos Patudos até 23 de Outubro. A Madonna foi, desde sempre, uma grande inspiração para mim. Gosto, sobretudo, do seu lado provocatório e irreverente. A Lady Gaga é outra grande referência. Acho-a mega criativa e original. Gosto da sua autenticidade e inovação. O Robbie Williams é outro artista que admiro. Quanto ao Lenny Kravitz é um artista de que gosto bastante, porque, para além de ser um bom músico, é também um ótimo designer. Tenho, igualmente, admiração por alguns grandes vultos da moda mundial. Os meus preferidos são John Galliano, Alexander Maqueen, Christian Lacroix e Jean Paul Gaultier. Na pintura, gosto de Gustav Klimt e Salvador Dali. Gaudi, em particular, tem inspirado e influenciado o meu percurso. Na literatura, é incontornável citar Fernando Pessoa, que considero um génio e, ele próprio, um mito.

Confessou que não pretende colocar a sua arte à venda. Pode explicar-nos porquê?
Não pretendo vender a minha arte porque tenho um enorme afeto pelo que faço. A razão para isto acontecer não é pelo facto de ter tido muito trabalho na feitura das obras, mas por ter um valor sentimental. Para mim, o meu trabalho é quase religioso, precioso e apaixonante.

Já tem em mente uma nova exposição? Se sim, qual será o tema?
De momento, não tenho em mente uma nova exposição. Quero ir com calma. Estou a preparar, mentalmente, outro projeto diferente. É necessário tempo. Cada trabalho é único e, como tal, requer uma grande dose de criatividade e paciência para ter impacto a nível temático e artístico.