“A Albufeira dos Patudos não é só de alguns mas sim de todos”

Carlos Pereira descreve-se como um político de mais ação que palavras, ou não fosse a prática de despor­to um dos seus hobbies. O vereador da CDU destaca as dificuldades financeiras deixadas pelo antigo execu­tivo do PS e orgulha-se do seu percurso na autarquia, confessando que até já tem projetos para o futuro.

Estamos quase na reta final do segundo mandato em que serviu como vereador do executivo da CDU. Houve algum caso, rela­cionado com os seus pelouros, que o tenha marcado?

Sim, no mandato anterior foi, sem dúvida, a re­cuperação financeira do Município, concluída em março de 2011, que mais me marcou. Sem a concretização do Plano de Saneamento Fi­nanceiro não seria possível executar e pagar a comparticipação do Município, na totalidade, com capitais próprios, as obras do Centro Es­colar Abel Avelino, a 1ª e 2ª fase das obras de Reabilitação da Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça, assim como a realização da Requali­ficação da Praça do Município, falando só nas mais relevantes. Foi também o PSF que per­mitiu a regularização de dívidas que herdámos dos anteriores executivos do PS (Dr. Rosa Céu e Dra. Vanda Nunes), credibilizando a Câmara Municipal de Alpiarça perante os seus forne­cedores. Dívida essa, à qual este executivo da CDU já reduziu em 4 milhões de euros. Tam­bém não posso deixar de referir as distinções e prémios atribuídos à Casa dos Patudos-Museu de Alpiarça, salientando estes dois últimos en­tregues pela Entidade Regional Turismo Alen­tejo e Ribatejo e pela Associação Portuguesa de Municípios com Centro Histórico.

Como avalia o seu percurso enquanto ve­reador do executivo?

É sempre difícil fazermos uma autoavaliação. No entanto, entendo que tenho feito um per­curso positivo, apesar de todas as dificuldades inerentes à situação encontrada, uma vez que, em tudo o que faço, o meu empenho é total. Luto pelo que quero com muito trabalho, de­dicação e seriedade, procurando sempre o me­lhor para Alpiarça, sendo o mais prático pos­sível. Penso que os resultados estão à vista de todos e em condições de serem avaliados pela população, sabendo das limitações a que tem estado sujeita financeiramente a Autarquia, assim como a falta de pessoal nos serviços ex­ternos, uma vez que a impossibilidade de abrir concursos para a contratação de pessoal se tem mantido ao longo dos dois mandatos.

O Projeto de Combate à Pobreza conheceu enormes obstáculos, chamemos-lhes bu­rocráticos, e acabou por ficar encalhado. Olhando hoje para trás teria aceite que o mesmo fosse entregue à Fundação José Rel­vas, tendo em conta o benefício que poderia ter trazido a muitas pessoas carenciadas ou esta entidade nunca foi sequer uma opção da Câmara?

O Projeto de Combate à Pobreza ( CLDS ) não ficou encalhado, como refere na questão colocada. Foi um processo iniciado em 2009, ainda no tempo do PS, já com posições dife­rentes entre o Executivo da altura e a Direção da Fundação, algumas dessas posições tam­bém defendidas por mim quando tomei con­tacto com o processo. Após o falecimento do meu camarada Mário Peixinho o projeto foi entregue ao vereador João Pedro Arraiolos e finalizado com sucesso. Muito bem coorde­nado pela Dra. Tânia Graça e a sua equipa, assim como pela ARPICA, sendo o período de vida estipulado, cumprido na totalidade. Não tenho dúvidas nenhumas que hoje teria feito exatamente o mesmo, no entanto, refiro que não foram problemas burocráticos, e que o Projeto só não foi entregue à Fundação José Relvas no seu início porque a sua Direção foi intransigente nas posições que entendíamos nós não serem compatíveis com os objetivos do Projeto.

 

Este processo de tratamento da água a que a Albufeira dos Patudos tem sido subme­tida é alternativa a uma intervenção que, para além de bastante radical seria, talvez, mais eficaz e duradoura: o esvaziamento da barragem e subsequente limpeza do fundo. Concorda? Por que motivo a Câmara não optou por essa solução?

Sim, pode-se dizer que este processo de tra­tamento da água da Albufeira é alternativa a uma intervenção mais radical, acho que to­dos nós temos noção disso. Após a análise de algumas das soluções possíveis, esta apre­sentou-se como viável e de resultados muito satisfatórios. A aplicação do tratamento teve início em abril e termina no final de setembro. A melhoria da qualidade da água é comprova­da nas análises efetuadas, assim como o seu aspeto visual, que é evidente. No entanto, este Executivo continua à procura de soluções para resolver o impacto da eutrofização da Albu­feira, situação, aliás, idêntica a muitas outras massas de água no País. Foi elaborado um pro­jeto e discutido com as entidades competentes, aguardando o financiamento necessário para a sua implementação. O motivo pelo qual não se optou por essa solução já foi abordada várias vezes e tem origem na situação financeira da Autarquia, que devido aos montantes envolvi­dos era impossível a assunção dessa despesa apenas pela Câmara.

A autorização excecional que o executivo da CDU concedeu à secção de pesca do C.D. “Os Águias” para que, no dia 16 de julho, tivesse lugar um concurso de pesca na Al­bufeira dos Patudos gerou indignação entre alguns populares. Pode explicar o motivo desta permissão?

A autorização excecional de pesca sem engo­do, dada pelo executivo ao C.D. “Os Águias”, através da sua secção de pesca, como refere na pergunta, foi feita por parte do executivo com a devida análise e ponderação que a situação merecia, levando em conta que nesta 2ª fase o tratamento passa para metade das quantida­des a aplicar, deixando de ser semanalmente para passar a quinzenal. A Câmara deu auto­rização excecional aos Águias porque o clube da terra é detentor de um palmarés invejável. Até a nível nacional são muito poucos os que o conseguem obter ao longo dos seus já longos 93 anos. De referir, ainda, que em vez dos ha­bituais 12 concursos, que eram realizados em 3 meses, passam a ser apenas 3 no mesmo pe­ríodo, sem engodo, nos quais podem participar todos os pescadores.

Esta situação foi, portanto, uma exceção regulamentada. Contudo, a interdição de pesca, publicada em edital, mantém-se. Há sanções previstas na lei para quem, porven­tura, possa desrespeitar o descrito no edi­tal?

Sim, é uma exceção e existem sanções na lei para quem desrespeite o edital. No entanto, aproveito para informar que qualquer pessoa poderia ter participado no concurso realiza­do, respeitando as regras. Não era necessário existirem algumas atitudes menos próprias por parte de alguns pescadores, que no fundo só demonstram que pouco lhes importa o proble­ma da eutrofização, a qualidade da massa de água, a mortandade dos peixes ou até o cheiro que nos era transmitido pela Albufeira a quem usufruía ou apenas circulava à sua volta. Des­de já, faço aqui um apelo a todos os pescado­res e utilizadores de toda a zona da Albufeira para uma maior compreensão neste período em que decorre o tratamento, ou seja, até final de setembro, de maneira a que se obtenham os melhores resultados possíveis, por forma a devolver a todos os que dela queiram usufruir em boas condições e com a melhor qualidade de água possível. A Albufeira dos Patudos não é só de alguns, mas sim de todos e para todos.

Como encara a aproximação das eleições autárquicas, sendo que tem havido algumas movimentações recentes dentro do PS que podem apresentar surpresas no candidato do partido? É algo que o preocupa?

Que movimentações????

Não dei por nada, mas se as houver encaro-as com a maior das naturalidades, uma vez que elas acontecem um pouco por todas as fações políticas, acentuado-se mais com o aproximar das eleições, sejam elas quais forem. E, muito sinceramente, não me preocupa mesmo nada, uma vez que estou focado no meu trabalho e no dos meus colaboradores, com a preocupa­ção de fazer o melhor em prol de todos os Al­piarcenses e de Alpiarça.

Como vereador, tem planos concretos para o futuro de Alpiarça?

Claro que tenho planos, os quais gostaria de desenvolver no futuro, sendo que, neste mo­mento, alguns deles não podem ser executados pelo Município devido à situação financeira herdada em 2009 e que tem condicionado todo o trabalho deste executivo. Situação essa que, devido ao esforço realizado ao longo destes dois mandatos, possibilitará, no próximo, uma maior disponibilidade financeira para a con­cretização de vários projetos de interesse para Alpiarça e para os Alpiarcenses. Neste manda­to, como vereador eleito pela CDU, os meus planos são os que constam do programa eleito­ral da força política que represento, que estão a ser postos em prática e que foram discutidos em sede própria, apresentados à população, merecendo por parte desta o voto de confiança que se veio a concluir na eleição da lista da qual eu fazia parte.

Que pergunta gostava que lhe tivesse feito e qual seria a sua resposta?

Não, não tenho nenhuma pergunta, em espe­cial, que gostasse que me tivesse feito. No en­tanto, gostaria de aproveitar este último espaço para agradecer a todos os funcionários da Au­tarquia e em especial aqueles que têm traba­lhado diretamente comigo nos vários pelouros, que sem a entrega e dedicação que aplicam naquilo que fazem, no sentido de garantirem um serviço de qualidade aos Alpiarcenses e de promoção de Alpiarça, muitas vezes em pre­juízo próprio e das suas vidas familiares, nada seria o mesmo. Desde o pessoal da recolha do lixo, aos funcionários da Casa dos Patudos- Museu de Alpiarça. Sei que posso contar com eles todos, assim como eles sabem que podem contar comigo.