Opinião política: Políticas procuram-se

Cada vez mais, as pessoas, quando se trata de aquisição de bens ou serviços as pessoas sabem aquilo que querem e por norma esperam que lhes forneçam o que pretendem. Provavelmente não irei estar em nenhum dos dias da Web Summit, mas pelo que tenho acompanhado é, indiscutivelmente, um dos excelentes exemplos da complexidade de ofertas tecnológicas que estão hoje disponíveis, estejamos a falar de medicina, culinária ou cultura a nível macro ou micro. A Web Summit é também um exemplo de que quando se quer muito uma coisa ela pode vir a acontecer e não me parece que a organização da Web Summit tenha recebido um e-mail da Câmara Municipal de Lisboa ou do Ministro dos Negócios Estrangeiros  do estilo “ Olá, Lisboa é capaz de ter um espaço para vocês” e tenham vindo logo a correr para Portugal. É preciso perceber que estamos a falar de um evento que trouxe mais de 50 mil pessoas a Lisboa, ou seja muitos milhares de euros só durante o evento, fora a extraordinária publicidade que será gratuitamente feita à cidade de Lisboa.

E é com base nesta procura de produtos e serviços e na procura de investimento que o meu raciocínio me levou à procura de votos. Esta é uma fase típica do populismo eleitoral em que as obras são aceleradas ao máximo de forma a estarem terminadas antes das próximas eleições autárquicas. Para ser sincero, não me choca minimamente, tendo a certeza que não é uma gestão minimamente equilibrada. Não acho o plano para o Jardim Municipal  adequado, mas não me choca nada a sua realização, visto que há hipótese de realizar uma obra necessária. Preocupa-me sim, qual será a política de rentabilização (e não se entenda aqui rentabilização económica porque não é o caso). Quanto às obras do mercado que parece que vão avançar mas também parecia que iríamos ter um campo de futebol no Casalinho a sua realização não choca ninguém se existirem fundos para essa obra, pois então que ela avance mas só após a existência de um consenso alargado sobre o que o mercado deve ser. Não nos esqueçamos que o país necessita de obras para a economia mexer e mais uma vez preocupa-me qual será a utilização dada a esse espaço. Será cultural? Comercial? Habitacional? O que irá ser? Terão pensado nisso?  Outra das muito actuais e faladas obras, é o novo lago artificial de Alpiarça.Pessoalmente a ideia parece-me um pouco fora de contexto tendo a Barragem tão perto e igualmente com zonas verdes ou estará a barragem em tão mau estado que mais vale desviar as actividades que se deveriam realizar lá? Esperemos por uma justificação, bem como de uma demonstração de que a obra é legal e feita com toda a assistência técnica inerente a esta obra, a não ser que o objectivo seja criar uma onda para o McNamara poder surfar na Vala Real sendo que poderia ser uma promoção interessante mas mais vale não dar ideias.

As obras nunca foram o essencial mas sim aquilo que se faz com elas. Quando existe um plano bem estruturado antes da realização da obra a possibilidade de erro existe, quando apenas se faz para mostrar o erro é certo e ninguém aguenta mais elefantes brancos como por exemplo o edifício (chamava-lhe outra coisa se soubesse o que era suposto ser) que se encontra junto aos Paços do Concelho. Não há falta de obras, há falta de políticas e de bons políticos.