“O povo de Alpiarça conhece as dificuldades que a CDU tem tido nestes últimos anos, e sabe bem quem são os responsáveis por essas mesmas dificuldades.”

Fernando Louro é o candidato à Assembleia Municipal de Alpiarça pela CDU.

Que balanço faz dos últimos quatro anos da forma como geriu a Assembleia Municipal?
Os últimos 4 anos não foram nada fáceis. No passado, participei em diversos mandatos na Assembleia Municipal, encontrei agora uma política e uma oposição muito diferentes, com pouca ideologia, com poucos valores, e que usa apenas aquilo que sabe: a provocação como arma política. Felizmente, não foram todos e mantive com alguns da oposição um relacionamento cordial e de respeito mútuo. Procurei ser rigoroso, mas imparcial.Gostei da experiência, e por isso mesmo aceitei o convite do PCP, que muito me honrou, para me recandidatar e continuar a dar o meu contributo.

Num concelho com a cena política a viver por vezes momentos conturbados nem sempre é fácil?
Parece-me que a cena política em Alpiarça não é mais conturbada que em qualquer outro concelho. O aparecimento de movimentos falsamente independentes, compostos por pessoas que, na sua maior parte, podem dizer e fazer o que quiserem, pois pouco têm a perder, não é um exclusivo deste concelho. Por outro lado, temos as redes sociais, onde o disparate e a mentira não têm o mínimo controlo. Acontece aqui, é complicado de gerir, mas também acontece por todo o lado.
Como disse Humberto Eco, as redes sociais dão o direito à palavra a uma “legião de imbecis” que, antes destas plataformas, apenas falavam nos bares, depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade.

E como classifica a gestão de Mário Pereira? O que fez de bem? E menos bem?
Mais que classificar a gestão de Mário Pereira, prefiro antes classificar a gestão da CDU, liderada por Mário Pereira.
É óbvio que concordo e apoio essa gestão, que considero muito boa, tendo em consideração as circunstâncias, ou nem sequer tinha aceitado recandidatar-me.
Acho que tem sido feito um “milagre”, considerando o estado lastimoso em que estava a autarquia. Ainda assim, conseguimos manter com a qualidade possível os serviços básicos de apoio à população, os apoios à economia, às coletividades, à educação e à cultura. Bem como concretizámos algumas obras de vulto. Isto tudo, sem aumento dos impostos e sem recurso ao crédito e, muito importante, conseguimos amortizar a dívida em 4,7 milhões. A oposição não gosta que a CDU fale na dívida. Mas todos sabemos porquê.

O que faria diferente se fosse presidente da Câmara?
Não consigo imaginar-me como Presidente de Câmara, por isso não sei o que faria de diferente de Mário Pereira. O tempo que uso em reflexões desse tipo, aproveito para refletir sobre o que poderei fazer de diferente na gestão da Assembleia Municipal. A diferença poderia estar nas diferenças pessoais, em pormenores. Eu iria procurar gerir a Câmara com seriedade e competência, em equipa, preocupado com as pessoas, solidário, gerir as contas com rigor, cumprindo o programa eleitoral da CDU, sufragado pelos Alpiarcenses, mas isso já ele faz, e bem.

Que ideias tem para reforçar, ou para consolidar os poderes da Assembleia Municipal nos próximos quatro anos?
O atual quadro legal das Assembleias Municipais é o resultado de 40 anos de experiência, parece-me um quadro equilibrado.
Conheço bem as diferenças, muito positivas, relativamente à primeira Assembleia Municipal, onde eu também participei, em 1977.
Mas claro, há sempre a possibilidade de melhorias. E existir um orçamento autónomo da Assembleia Municipal, bem distinto do Orçamento da Câmara Municipal, seria um passo importante. O orçamento do órgão fiscalizador não pode estrar dependente do órgão fiscalizado. Por outro lado, e apenas um pormenor, gostaria que a lei estabelecesse a possibilidade de o Presidente da Assembleia Municipal poder intervir, se assim o entendesse, nas reuniões da Câmara Municipal. Atualmente isso não é possível, o que não faz sentido a meu ver.

Se a CDU não ganhar a AM, vai ocupar o seu lugar enquanto deputado?
Acredito convictamente que a CDU voltará a ganhar a Assembleia Municipal e que serei de novo o seu Presidente. Mas se isso não acontecer, lá estarei para ocupar o meu cargo de Deputado Municipal e pronto para dar os parabéns ao vencedor.
Desistir nunca, só a morte ou um agravamento da saúde me poderão impedir de terminar os mandatos para que sou eleito.
O contrário, acho uma deslealdade para com o eleitorado.

No seu entender, o que teria o concelho de Alpiarça a ganhar com a continuidade da CDU à frente da CMA?
O povo de Alpiarça já conhece os candidatos da CDU e o seu modo de trabalhar. O povo de Alpiarça conhece as dificuldades que a CDU tem tido nestes últimos anos, e sabe bem quem são os responsáveis por essas mesmas dificuldades. A continuidade da CDU é o garante da estabilidade do concelho que ao contrário de algumas campanhas insidiosas, é uma terra onde há democracia, liberdade, e um convívio saudável entre as pessoas de todos os quadrantes políticos. E isso os Alpiarcenses sabem bem. A continuidade da CDU é o garante que não voltaremos atrás, a tempos recentes, com a dívida descontrolada. A CDU, com a reestruturação financeira que implementou, criou condições para que hoje seja possível a realização de obras, como o Jardim Municipal, e tornou possível a candidatura aos fundos comunitários para diversas obras que iremos poder realizar, como a requalificação do Mercado Municipal, e muitas outras.
Foi a condição necessária para se poderem realizar essas candidaturas. Só com as contas equilibradas, alguém pode pensar em progresso.

Nos últimos dias falou-se da possibilidade do Mudar Alpiarça desistir. Acha que isso pode acontecer?
Primeiro, quero dizer que não tenho qualquer preferência, é-me indiferente se o MUDA vai a votos ou se abdica a favor do PS.
A CDU terá os votos que os Alpiarcenses entendam dar-lhe, independentemente da oposição aparecer junta ou separada.
Contudo, considero que o MUDA irá a eleições, pelo bom trabalho eleitoral que tem feito. Até posso considerar que as suas propostas são inviáveis, que são utópicas, próprias de quem nem sonha chegar ao poder, mas tem feito o seu trabalho com empenho e alguma criatividade. E não se pode deixar de olhar as suas propostas com alguma atenção. Embora mantenha alguma herança do TPA, recebeu algumas caras novas e sobretudo viu-se livre de algumas figuras. Tem usado um estilo correto. Pelo contrário, outros têm usado a provocação como arma política contra a CDU, não poupando sequer o MUDA nos seus ataques irracionais.
Certo que não são as principais figuras do PS a fazer esse papel, e acredito sinceramente que Sónia Sanfona não se reveja nesse estilo, mas na verdade essa campanha existe, feita por alguns dos seus seguidores, e não vejo que a candidatura do PS se demarque dessa forma de fazer política.
Uma pena. Assim, até eventuais boas propostas ficam desvalorizadas.