Governação

As Eleições autárquicas de 2017 vão ter lugar, após 40 anos de Poder Local Democrático.
Foram inúmeras as conquistas obtidas nestes 40 anos, e não houve Concelho onde a qualificação, mais ou menos efetiva, não tenha chegado. Muito foi concretizado mas, passado um ciclo onde a infraestruturação foi opção forçosamente necessária, é chegado o momento de formular uma nova geração de políticas autárquicas.
Políticas autárquicas que terão que ter em atenção a europeização do poder local, a globalização e o seu impacto social e económico e, não menos importante, o aumento de competências das autarquias e, por consequência, uma crescente complexidade de organização do Poder Local.
O Poder Local, nesta sua nova fase, exige coesão nas equipas, muita capacidade de trabalho, competência executiva, ambição e, essencialmente, pensamento e visão estratégica por parte dos autarcas. É com o progresso das ideias que nascem as reformas, e será com elas que o desenvolvimento será possível, e se assegurará o futuro.
Em Alpiarça, um concelho situado a menos de 100Km da capital do país, próximo dos mais importantes eixos viários, e com recursos endógenos a necessitarem de qualificação e valorização, exige-se uma governação local preparada, capaz de enfrentar os desafios e com capacidade de resposta para os problemas. Mas, infelizmente para todos nós, é doloroso constatar a completa paralisia na governação local.
Uma governação que, sem qualquer respeito pelo testamento de José Relvas, adultera a história, que é única e, como tal, deveria ser valorizada: a da Casa dos Patudos.
Uma governação local que, sem cuidar de fazer o trabalho de casa, acorda um dia para a absoluta necessidade de construir um campo de futebol no Casalinho para, num outro dia, dizer que o que importa é recuperar o Edifício onde funcionou o Centro de Cultura. Uma governação local que apresenta a recuperação do Mercado Municipal como absoluta necessidade mas que não sabe em que sentido, ou com que objetivos. Uma governação local que avança para a recuperação do Jardim Municipal, sem qualquer preocupação de defesa de identidade, tal como fez no “crime” que executou no espaço envolvente à Casa dos Patudos.
Uma governação local que diz querer aproveitar as oportunidades de recursos com valor turístico, mas que deixa transformar o Parque de Campismo num galinheiro. Uma governação local que, em teoria, se apresenta com preocupações ambientais mas que convive, no mais completo “deixa andar”, com a crescente perigosidade do estado da Barragem dos Patudos. Uma governação local que deveria estar preocupada com a captação de investimento e criação de emprego e que, pelo contrário, assiste pacificamente ao encerramento de unidades industriais. Em Alpiarça, esta é uma triste realidade.
Uma realidade que tem lugar num tempo em que, descobrir potencialidades endógenas e ter capacidade para as promover é determinante para o futuro.

Por: João Céu – Presidente da Concelhia do PS Alpiarça